Há doentes com critérios para internamento compulsivo a passar vários dias no serviço de urgência do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
A denúncia foi feita pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) ao jornal Público e tem origem na falta de vagas para internamento de agudos de psiquiatria.
Segundo um documento assinado por 40 elementos do corpo clínico dos Hospitais Universitários de Coimbra revela que os doentes passam "dias a fio" nas urgências, "com dificuldades em satisfazer as suas necessidades básicas de higiene e alimentação".
Durante esse período consomem apenas sopa, bolachas, leite ou sumos. E a cada dia, "ficam mais vulneráveis e tendem a desenvolver complicações orgânicas com infeções hospitalares", condenam.
"Um grito de alerta"
O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, afirma também que "face à carência por vezes grave de camas, há doentes com patologia psiquiátrica que, por permanecerem há demasiado tempo no Serviço de Urgência, são internados noutras enfermarias, sem os devidos cuidados especializados".
"Este é um grito de alerta para uma realidade desumana, pois resulta em graves consequências para os doentes", alerta.
Contactado pelo TSF, o ministério da Saúde garante que está a acompanhar o caso e remete mais esclarecimentos para o hospital.
Num comunicado enviado às redações, o gabinete de imprensa dos hospitais da Universidade de Coimbra não nega as acusações, mas garante que tem desde "junho que se está a reverter a origem da situação descrita, evitando que fiquem doentes com mais de 24 horas" na sala de observações criada especificamente para manter doentes antes da sua orientação para alta ou internamento nos vários hospitais.
"É apanágio da urgência dos HUC não existirem doentes a aguardar internamento na urgência. As situações do constrangimento de vagas resolvem-se com melhoria dos tempos de internamento, o que está a acontecer."
"O internamento em outros serviços tem sido esporádico e em situações sem especificidades próprias e com segurança", assegura o CHUC.
