Dois séculos depois a história inverte-se. Napoleão na "mira" de Portugal

Mais de dois séculos depois da última invasão francesa, agora é Napoleão e todo o património histórico e cultural que está "na mira" de Portugal.

Os territórios da Península Ibérica são fundamentais para o entendimento de toda a campanha militar de Napoleão. A convicção é de Charles Bonaparte, descendente de Napoleão, que está em Portugal, a propósito das comemorações dos 210 anos da Batalha do Buçaco, durante a 3ª invasão francesa. Foi a 27 de setembro de 1810.

O presidente da Federação das cidades europeias napoleónicas assina este domingo, em Luso, um protocolo com o projeto transfronteiriço NAPOCTEC, promovido pela Comunidade Intermunicipal da região de Coimbra e que pretende criar rotas napoleónicas na região Centro de Portugal e nas províncias de Castela e Leão em Espanha.

Rotas que incluem um dos pontos nacionais de maior relevo: o Buçaco, local onde decorreu uma das principais batalhas da terceira invasão francesa.

Charles Bonaparte, que é descendente de um irmão de Napoleão e preside a Federação das Cidades Europeias Napoleónicas, entidade que cria rotas para lembrar as campanhas militares napoleónicas, refere que o objetivo é o de mostrar também o impacto social das invasões. "O nosso projeto é criar um conjunto de rotas, não apenas sobre as campanhas militares, mas sobretudo dos factos à volta de Napoleão, como factos sociais. Claro que esta campanha de Portugal e Espanha tem um lugar importante", afirma.

O NAPOCTEC, desenvolvido pela CIM da região de Coimbra quer transformar o património histórico e cultural das invasões francesas num produto turístico estratégico. Charles Bonaparte concorda e explica o quão importante é de ligar o turismo histórico português ao nome de Napoleão, pois "Napoleão é uma marca muito conhecida". O presidente da federação dá o exemplo das pesquisas no Google, no qual "Napoleão é a segunda figura histórica mais procurada, depois de cristo e mais do que Shakespeare". Dados que lhe permitem afirmar que "ligar o turismo histórico em Portugal ao seu nome só pode significar uma mais-valia para Portugal".

A Covid-19 mudou também o turismo, lembra Bonaparte. O presidente da Federação Europeia das Cidades Napoleónicas, que engloba 60 cidades de 13 países, refere que o futuro será mais próximo, de nicho e mais local. "A ideia de não ir tão longe ou tão depressa leva a um turismo baseado em caminhadas, corridas, de bicicleta ou a cavalo, a um turismo familiar. São novas abordagens ao turismo e é isso que estamos a tentar fazer com a nossa rede", explica.

A Batalha do Buçaco foi há 210 anos. Mais de dois séculos depois, os concelhos da Mealhada, Mortágua e Penacova unem-se para promover este marco histórico e as invasões francesas enquanto produto turístico.

A assinatura do protocolo com a Federação Europeia das Cidades Napoleónicas decorre no Museu Militar do Buçaco, no concelho da Mealhada, onde se realizam, ao longo do dia, várias cerimónias alusivas à batalha do Buçaco a 27 de setembro de 1810.

Charles Bonaparte reconhece que há várias cidades e lugares que ainda não estão incluídas nesta rede, da qual faz agora parte o NAPOCTEP. Um projeto que tem a duração prevista de cerca de dois anos, terminando a 30 de junho de 2021, tratando-se de um investimento de 711 mil euros.

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