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A Câmara de Comércio da Ilha de São Jorge (CCISJ) apelou este sábado para a criação de medidas de mitigação dos impactos económicos da crise sismovulcânica, considerando que já terão saído da ilha cerca de 2000 pessoas.
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"Todas estas situações provocarão muitas dificuldades ao tecido económico jorgense, já de si fragilizado em resultado da pandemia. A disrupção sentida no imediato na pequena economia local terá impactos a médio prazo, mesmo que o pior não venha a acontecer, como todos desejamos", afirmou a associação empresarial, em comunicado.
Desde 19 de março, foram registados na ilha de São Jorge cerca de 12.700 sismos, mais do dobro de todos os sismos registados nos Açores em 2021.
De acordo com o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), 187 sismos foram sentidos pela população.
O CIVISA elevou, na quarta-feira, o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa "possibilidade real de erupção".
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Na sexta-feira, o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, admitiu que "cerca de 1.250" pessoas tinham abandonado a ilha, devido à crise sismovulcânica.
A CCISJ, liderada por Mário Veiros, aponta, no entanto, para um número superior, alegando que a "ansiedade normal" que o nível de alerta provocou levou a que algumas pessoas tivessem abandonado os seus postos de trabalho.
"Muitas empresas interromperam a atividade, porque não têm como, ou não conseguem trabalhar, estando perante uma situação semelhante ao período de início da pandemia, com a agravante do êxodo estimado de cerca de 2.000 pessoas, registado até ao momento. Acresce a incapacidade de se prever o tempo em que o fenómeno sismovulcânico se irá prolongar e ou extinguir", avançou.
A associação empresarial reivindica o acesso ao lay-off simplificado, "para assegurar a subsistência de trabalhadores e empresas" e a "criação de uma linha de crédito com garantia pública, para financiar a atividade e as ruturas de tesouraria das empresas".
Pede ainda a "criação de um fundo de capitalização das empresas da ilha, que para além das dificuldades que têm sentido na turbulência dos últimos anos, estão agora a sofrer ainda mais e não podem continuar a recorrer ao endividamento para salvaguardar a sua atividade e postos de trabalho".
Para os empresários jorgenses, estas medidas devem ser "tratadas em conjunto com Governo da República", tendo em conta que a ilha vive "uma situação iminente de catástrofe natural e, consequentemente, económica e social".
A CCISJ enalteceu "a ação das autoridades locais, regionais e nacionais", salientando que "o valor da vida humana está acima de tudo".
"É em nome desse valor que todos estamos a trabalhar, protegendo primeiro os mais vulneráveis e depois toda a restante população. As empresas de São Jorge estão também a assegurar as suas funções, nos serviços mínimos, prevenção e na proteção dos seus trabalhadores e bens", acrescentou.
Na quinta-feira, a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), que tem um núcleo empresarial em São Jorge, manifestou igualmente preocupação com "os efeitos" da crise sismovulcânica "na economia local".
A associação empresarial disse ter enviado um ofício ao Governo Regional "a transmitir as preocupações e a demonstrar disponibilidade total para dar todo o apoio necessário", para "mitigar os efeitos nefastos que já está a ter, e que se poderão agravar caso a situação perdure no tempo ou piore".