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O Centro Hospitalar e Universitário do Algarve decidiu suspender ou interromper as férias de médicos, enfermeiros e assistentes operacionais. A decisão entra em vigor a partir desta segunda-feira e está relacionada com o aumento dos internamentos Covid-19. As chefias já foram informadas de que têm luz verde para começar a falar com os trabalhadores afetados.
Os enfermeiros e assistentes hospitalares podem ter de interromper ou suspender as férias que tinham marcado até 11 de setembro. A decisão do Conselho de Administração, que foi enviada à Enfermeira Diretora e aos Enfermeiros Gestores em Funções de Direção, é justificada com o aumento dos internamentos por Covid-19 e com a necessidade de reorganizar as outras áreas do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve.
A decisão concreta sobre quem é necessário chamar para preencher as escalas e fazer face aos reforços assistenciais que forem necessários fica nas mãos dos diretores dos serviços clínicos e dos enfermeiros gestores, mas a nota do Conselho de Administração estabelece algumas regras concretas.
A decisão deve ser previamente explicada aos afetados por via telefónica ou presencialmente para que percebam o que está em causa. Sempre que isso for possível, as chefias devem preferencialmente chamar os trabalhadores que já tenham gozado pelo menos 10 dias de férias.
Paulo Neves, vogal do conselho de administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, explicou à TSF que esta medida deve abranger uma percentagem muito reduzida dos cinco mil funcionários.
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Paulo Neves sobre o número de funcionários a quem será feito este pedido de suspensão das férias
A decisão de adotar esta medida tem em conta o aumento do risco do contágio da Covid-19 provocado pela afluência de muitos turistas ao Algarve.
O vogal da administração explica os motivos por trás desta decisão
O vogal do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve reconhece que esta medida vai complicar a vida dos funcionários do hospital, mas acredita que será bem compreendida por todos.
Paulo Neves acredita que a medida terá uma boa resposta por parte dos funcionários chamados a suspenderem as férias
Jorge Roque da Cunha, do sindicato independente dos médicos, considera que esta medida só mostra a incompetência do conselho de administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, sublinhando que já no verão passado os médicos foram obrigados a suspender e adiar férias.
Ouça aqui as declarações de Jorge Roque da Cunha
A nota interna do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve a que a TSF teve acesso deixa ainda claro que os trabalhadores que tenham gasto dinheiro com as férias ou que tenham um prejuízo financeiro grave sério têm direito a um reembolso. Basta que remetam essa informação ao serviço de recursos humanos para que as despesas sejam depois validadas pelo Conselho de Administração.
Sindicatos dos Enfermeiros diz que decisão é "absolutamente inadmissível"
Uma decisão "inadmissível". É desta forma que o Sindicato dos Enfermeiros reage ao anúncio do Centro Hospitalar do Algarve.
"Para nós é absolutamente inadmissível que venham tomar esta decisão. No mês passado esteve cá o secretário de Estado Lacerda Sales na região a dizer que não estava em cima da mesa a suspensão das férias aos profissionais. Portanto, a única justificação para a suspensão de férias dos profissionais é dar resposta às solicitações na região, uma vez que estão presentes mais de um milhão de pessoas", explicou à TSF Nuno Manjua.
Ouça as declarações do responsável do Sindicato dos Enfermeiros
De acordo com o sindicato já há enfermeiros a serem chamados para interromper ou adiar as férias.
"Já sabemos que esta 'proposta' feita a alguns profissionais é daquelas irrecusáveis porque as pessoas se sentem pressionadas e há enfermeiros que ainda têm um vínculo precário. Esta não é a solução, os planos de férias são aprovados até abril e já se sabia que no verão a população triplica. No mês passado veio cá o secretário de Estado dizer que isso não estava em cima da mesa depois de vários enfermeiros já terem sido pressionados a suspender parte do seu período de férias", acrescentou o responsável do Sindicato dos Enfermeiros.