Regulador da Saúde denuncia erros "inadmissíveis" e falsas urgências em hospitais

Trata-se de dois casos que resultaram na morte dos pacientes. Além de recomendações aos hospitais, a entidade enviou o caso para o Ministério Público e para a Ordem dos Médicos, de forma a apurar eventuais responsabilidades.

A Entidade Reguladora da Saúde identificou "falhas inadmissíveis" na assistência em hospitais públicos que levaram à morte de duas pessoas. Os casos são relatados num documento relativo ao terceiro trimestre de 2019.

Uma das mortes ocorreu no Algarve. O outro envolveu uma mulher de 74 anos, que foi atropelada e assistida pelo Hospital de Gaia e da Feira.

A mulher, de 74 anos, tinha sido atropelada dois dias depois do natal de 2018. Entrou no Hospital de Gaia com um traumatismo cranioencefálico grave e fraturas na coluna e na bacia. Depois de estabilizada, foi transferida para o Hospital da Feira, apesar de esta instituição ter informado que não tinha vaga para a doente.

A paciente ficou na sala de observações das urgências no Hospital da Feira sem qualquer vigilância durante pelo menos dez horas. Acabou por morrer dois dias depois, com uma paragem cardiorrespiratória.

A Entidade Reguladora da Saúde considera "totalmente inadmissível" a decisão do Hospital de Gaia, que infringiu a regra básica de garantir a continuação de cuidados adequados ao estado clínico da paciente.

Além de recomendações aos hospitais, a entidade enviou o caso para o Ministério Público e para a Ordem dos Médicos, de forma a apurar eventuais responsabilidades dos profissionais envolvidos no processo.

No Algarve, também foi fatal o desfecho de um caso em que um doente com cancro no pulmão foi vítima de graves deficiências na prestação de cuidados de saúde de qualidade e com o tempo adequado.

O doente esperou por quase dois meses pelos resultados do exame genético necessário para definir o tratamento. O exame foi pedido com atraso ao IPO de Lisboa, que não aceitou a solicitação por falta de informação.

O novo pedido só aconteceu quase um mês depois. Tarde demais para o doente, que morreu sem ter feito quimioterapia.

A Entidade Reguladora da Saúde alerta que existem indícios fortes de que este não é um caso único e exige uma agilização para evitar erros da mesma natureza.

No relatório, são também denunciados falhas na prestação de serviços a cidadãos estrangeiros, como por exemplo a recusa de atendimento a uma criança de dois anos com suspeita de meningite. O agrupamento de centros de saúde de Loures e Odivelas não atendeu a menina por estar de férias em Portugal com visto de turista.

A situação da saúde nos hospitais portugueses volta esta quinta-feira ao Parlamento por iniciativa do PSD, que vai interpelar o Governo. O Jornal de Notícias escreve esta manhã que a falta de médicos de família está a sobrelotar os hospitais com falsas urgências. Só na região de Lisboa e Vale do Tejo metade dos doentes assistidos este ano foram considerados não urgentes e receberam pulseiras verdes e azuis.

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