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Chama-se Neo e é, por estes dias, o mais jovem habitante do Zoomarine. Com apenas seis meses, e a particularidade de ter nascido no último dia de 2020, este jovem golfinho-roaz tem enchido de entusiasmo quem o rodeia.
É "uma das coisas mais esguias e enérgicas" que anda pelo parque, celebra Élio Vicente, diretor do Porto d"Abrigo do Zoomarine, centro de reabilitação de espécimes aquáticos, em declarações à TSF. O pequeno NEO dá "um dia preenchido à sua mãe, Luna, de 24 anos", e chega mesmo a tempo de celebrar os 30 anos da sua nova casa.
Embora tenha nascido às 07h00 de 31 de dezembro, depois de 12 meses de gestação e de um parto que demorou 100 minutos - algo considerado normal para a espécie -, a apresentação deste novo golfinho só vai acontecer no próximo dia 1 de junho. A razão é uma mistura de preocupação e de celebração do Dia da Criança.
Os golfinhos, ao contrário do que acontece com os humanos, "quando nascem não têm sistema imunitário", o que se traduz numa taxa de mortalidade de cerca de 30% nas primeiras semanas dos cetáceos.
Fique a conhecer melhor o NEO. Reportagem de Gabriela Batista.
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Por ser "um membro da família", e à semelhança do que acontece com os humanos quando esperam pelo segundo trimestre de uma gravidez para a anunciar, também o Zoomarine quis ter "cuidado" para não criar expectativas.
Élio Vicente admite que "seria um profundo choque se agora as coisas começassem a correr mal" com o Neo, em especial porque o Zoomarine "é conhecido por trabalhar com medicina preventiva". A cria está, neste momento, a ser "ensinada a colaborar com a equipa médico-veterinária", para garantir uma monitorização atenta.
Independente quanto baste, mas mimado
A família deste pequeno golfinho "tem muitos pergaminhos". O pai é português e Luna, a mãe de Neo, nasceu na Bélgica, o que permite "evitar problemas de consanguinidade" e, tal como os outros golfinhos, tem sido "cruzada" com base no programa EEP, da EAZA para a espécie, uma estratégia europeia que visa assegurar 98% da variabilidade genética desta espécie para os próximos 100 anos.
No que toca ao mais novo da família, e embora seja "muito ativo" como todos os golfinhos bebés, é "mais autónomo do que a média" exceto para dois aspetos: alimentação e aprendizagem.
Sem ataques de predadores ou necessidade de combater ventos e marés, Luna sabe que a cria "está sempre a ser acompanhada pelas outras fêmeas do grupo": mães, tias, meias-irmãs e até a avó. Além disso, "não se perde em conflitos" com outros jovens da mesma espécie.
A entrar no sexto mês de vida, está na altura do Neo começar a comer "pequenos pedaços de peixe" roubados à mãe e até ao final do ano deve ter uma "alimentação equilibrada" entre o sólido e o líquido, sobretudo com recurso a leite materno, outros dos pormenores que difere do crescimento em ambiente selvagem, onde o desmame "ocorrer por volta dos 18 meses".
O Zoomarine conta que a cria continue a ser amamentada até aos três anos, isto porque as mães podem dar-se ao "luxo energético" de produzir leite até mais tarde num ambiente controlado.
Por ter sido a única cria a nascer em 2020, Neo é reconhecida e profundamente "mimado" pela família, um grupo que é "coeso e está junto há praticamente 30 anos".
A poucas horas de se mostrar ao público, Neo e a mãe vão "abrir" a apresentação dos golfinhos no Zoomarine. "Antes do grupo todo entrar para fazer a apresentação aos visitantes, sairá a Luna com o Neo e depois de cinco a sete minutos, com tranquilidade, saem para dar entrada ao grupo principal", explica Élio Vicente.
Ainda assim, a última palavra será sempre do par, uma vez que se a mãe ou a cria não quiserem "sair" para o olhar público, a sua vontade será respeitada pelo staff.
Falta apenas explicar o nome: depois de uma lista elaborada pela família humana destes golfinhos, pareceu "muito natural" optar pelo nome Neo, que "representa esperança" depois de um ano "muito difícil para todos".