Estigma diminuiu, mas mais de metade dos portugueses não têm acesso a consultas de psicologia

No Dia Mundial da Saúde Mental, o bastonário da Ordem dos Psicólogos alerta que o Serviço Nacional de Saúde não tem conseguido dar resposta a quem necessita de ajuda.

Os últimos anos de pandemia reduziram o estigma associado às consultas de psicologia, mas mais de metade dos portugueses não têm meios para aceder a cuidados de saúde mental.

Vários estudos mostram que os jovens foram os que mais sofreram a nível emocional durante o período mais crítico da pandemia e, na opinião do bastonário da Ordem dos Psicólogos, Francisco Miranda Rodrigues, a presença de psicólogos nas escolas tem feito a diferença.

Entre os alunos, a "frequência do psicólogo não é associada a nada que gere estigma. Foi sendo cada vez mais identificada como algo natural e que cada um deles poderia necessitar em qualquer momento", aponta o bastonário em declarações à TSF.

"Está ainda muito por fazer. Embora o estigma se tenha reduzido, ele continua a existir particularmente mais para aquelas pessoas que sofrem de doença mental."

Por outro lado, as dificuldades de acesso aos cuidados de saúde mental estão a deixar de fora pessoas que precisam de ajuda.

"Não há capacidade nenhuma de resposta nos centros de saúde", onde há cerca de 300 psicólogos, "não mais do que isso", afirma Francisco Miranda Rodrigues.

"É muito difícil, os tempos de espera são enormes e só não são maiores porque as pessoas também já sabem que que requer muito tempo e, portanto, já nem recorrem ao centro de saúde."

No caso dos médicos de família, quando consultados a propósito de casos de saúde mental já sabem que teriam de colocar as pessoas numa longa lista de espera, pelo que "a única resposta que existe disponível" é recorrer a medicação com psicofármacos.

Dados do Infarmed indicam que no primeiro semestre do ano foram vendidas 5.532.708 embalagens de antidepressivos, mais 8,2% face ao mesmo período de 2021, o que representou um encargo de cerca de 22,2 milhões de euros para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Comparando a evolução de vendas desde o último ano antes da pandemia -- 2019 -, verifica-se que o consumo de antidepressivos esteve sempre a crescer, segundo os dados da Autoridade Nacional do Medicamento, relativos a medicamentos prescritos e comparticipados, dispensados nas farmácias comunitárias.

Em 2019, venderam-se 9.368.788 embalagens, número que subiu para 9.803.223 no ano seguinte e para 10.499.231 em 2021, com um encargo neste último ano de cerca de 41,7 milhões de euros para o Estado.

Num documento a que a Lusa teve acesso, o foram atendidas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) 6938 chamadas de situações em que houve intervenção psicológica.

*com Lusa

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