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Na carta enviada à direção clínica do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) pode ler-se que o Serviço de Medicina Intensiva Pediátrica e Neonatal vive "uma situação dramática" em que os médicos estão a trabalhar "num estado de exaustão, transgredindo os limites de segurança e boas práticas clínicas".
É desta forma que os médicos que subscrevem o documento caracterizam o que se está a passar naquele serviço.
Ouça a reportagem da jornalista Maria Augusta Casaca
Na carta os clínicos referem que a falta de meios humanos no Hospital de Faro se acentuou nos últimos tempos com a ausência de cinco pediatras, dois por motivo de doença e três por gravidez ou licença de maternidade.
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos reuniu com os clínicos e saiu preocupado com o que ouviu. "É uma Unidade de Neonatologia que recebe bebés de todo o Algarve. Estamos a falar de crianças e bebés em situação critica, são unidades que salvam vidas de crianças", sublinha Alexandre Valentim Lourenço.
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A Ordem dos Médicos quis saber que soluções haverá a longo prazo para que os médicos não trabalhem "à custa de sacrifícios individuais", mas não recebeu uma resposta positiva.
Alexandre Valentim Lourenço lembra que para além do serviço normal, estes médicos têm que manter as urgências e o transporte de bebés recém-nascidos e muitas vezes prematuros.
"Medidas urgentes"
Acresce que a falta de recursos humanos no Hospital de Portimão, que leva a encerrar a urgência de pediatria em vários dias da semana, só agrava a situação."O hospital de Faro não tem capacidade para o seu fluxo normal quanto mais para Portimão e para os meses de férias", afirma.
"Está em causa a qualidade dos serviços prestados em situações muito diferenciadas", garante, sublinhando que num serviço onde deviam existir doze médicos há apenas seis.
Nesta carta enviada à direção clínica os médicos do Serviço de Medicina Intensiva Pediátrica e Neonatal pedem a "tomada de medidas urgentes".
Ana Paula Gonçalves, presidente do Conselho de Administração, do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, diz que tem havido um esforço para colmatar a falta de recursos humanos nos hospitais de Faro e Portimão. "O senhor bastonário esteve cá há 15 dias e disse que nos ia trazer pediatras, mas até agora ainda não nos conseguiu ajudar", explica.
Ouça Ana Paula Gonçalves sobre a resolução da falta de pediatras
A Presidente do Conselho de Administração do CHUA afirma, no entanto, que, a longo prazo, terá que se pensar em aumentar a formação dos médicos nesta área, visto que a idade das mães está a aumentar e os casos de bebés a precisarem de assistência também.
Ouça a resposta da administração do CHUA
O Centro Hospitalar do Algarve é a segunda maternidade do país com maior número de nascimentos, só ultrapassada por Coimbra.