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Os problemas que têm resultado em constrangimentos nas urgências um pouco por todo o país foram, esta segunda-feira, a debate no Fórum TSF. O antigo diretor-geral da Saúde, Francisco George, aponta o dedo aos políticos que governaram o país ao longo da última década e meia e que, diz, não fizeram nada para impedir a deterioração do Serviço Nacional de Saúde.
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O especialista em saúde pública diz ser injusto culpar a atual ministra da Saúde pelo que está a acontecer nos hospitais.
"Não pode ser atribuída essa responsabilidade à ministra Marta Temido. Naturalmente é fácil dizer isso, mas é altamente injusto. Temos de ter em atenção que temos 230 deputados, governantes e primeiros-ministros ao longo dos anos, líderes da oposição e Presidentes da República. Isto para dizer que há um conjunto de titulares de órgãos de soberania que nos últimos 10/15 anos têm adiado a implementação e desenvolvimento de medidas que podiam prevenir as crises que agora estão descritas", defendeu à TSF Francisco George.
Ouça as declarações do antigo diretor-geral da Saúde à TSF
O ex-diretor-geral da Saúde considera essencial aumentar o ordenado dos médicos especialistas e obrigá-los a ficar cinco anos no SNS.
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Já o presidente da Fundação para a Saúde, Vítor Ramos, diz que é necessário existir uma estratégia para segurar os profissionais no Serviço Nacional de Saúde e alerta que os problemas no setor abrangem muitas áreas do SNS.
"O problema agora está nos obstetras e nos pediatras porque é uma situação, de facto, crítica, mas o problema é de todas as especialidades, como diz a Ordem dos Médicos. Vai ser dos médicos de família, dos cirurgiões porque entretanto o Serviço Nacional da Saúde não se desenvolveu em termos de atratividade, desenvolvimento de carreiras e teve de lidar com a concorrência do estrangeiro. Há países que fazem recrutamento ativo, duas vezes por ano no nosso país, para recrutar médicos para os países deles", explicou Vítor Ramos.
Ouça as declarações do presidente da Fundação para a Saúde à TSF
Olhando para o plano de contingência apresentado pela ministra da Saúde para mitigar os problemas nos hospitais, o presidente do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos, João Bernardes, diz que as medidas anunciadas vão num bom sentido. O responsável recebeu com agrado as garantias de Marta Temido sobre essa matéria.
"É muito difícil resolvermos as coisas quando estamos em cima do olho do furacão, quando as coisas estão no pior estado e não se consegue resolver de um dia para o outro, mas a ministra comprometeu-se connosco, referiu que o primeiro-ministro estava também nesse compromisso e que todo o Governo estava empenhado nisso. Temos de acreditar. Sentimo-nos cansados já com todas estas coisas. Os médicos são pessoas dedicadas, eu estou em exclusividade no Estado há 40 anos e sempre trabalhei por interesse pelos doentes", acrescentou João Bernardes.
Ouça as declarações do presidente do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos à TSF
O presidente do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos defende a necessidade de aumentar a coordenação no Serviço Nacional de Saúde para evitar os problemas que se têm verificado nas urgências do país.

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