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O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) elevou na quarta-feira o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa "possibilidade real de erupção", adiantou o Governo Regional.
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"Hoje, às 15h30 [16h30 em Lisboa], foi comunicada a subida para o nível V4 de alerta vulcânico, o que significa possibilidade real de erupção", afirmou o secretário regional da Saúde dos Açores, Clélio Meneses, que tutela a Proteção Civil, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
Perante este cenário, o executivo açoriano recomendou à população com maiores vulnerabilidades da principal zona afetada na ilha de São Jorge que abandone as suas casas.
"O que se aconselha às pessoas que vivem, entre as Velas e a Fajã das Almas, é que façam uma deslocação das suas residências, sobretudo pessoas com mobilidade reduzida, pessoas dependentes de terceiros para as suas atividades básicas, pessoas residentes em edifícios sem garantias de segurança antissísmica e residentes em zonas próximas de vertentes ou falésias de particular perigosidade de deslizamento ou desabamento, como são as fajãs", afirmou Clélio Meneses.

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Desde sábado, já se registaram mais de 2000 sismos na ilha de São Jorge, 142 dos quais sentidos pela população.
O Governo Regional já transferiu os doentes internados no Centro de Saúde das Velas, mais próximo dos epicentros dos sismos, para o Centro de Saúde da Calheta, na outra ponta da ilha, e, esta quinta-feira, deverá também transferir os idosos da estrutura residencial das Velas.
Estão igualmente identificados "vários espaços" no concelho da Calheta para alojar a população que necessite.
"Muitas pessoas têm familiares fora deste perímetro, entre a Fajã das Almas e as Velas, que poderão ser acolhidas pelas respetivas famílias ou pessoas próximas. Para além disso, estão identificados alguns espaços, nomeadamente nas escolas, que são espaços de construção robusta, na Calheta e no Topo, onde podem ter acesso a segurança e comodidade", adiantou Clélio Meneses.

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O governante ressalvou que "não há certeza de haver" uma erupção vulcânica, mas disse que a crise sísmica está a ser acompanhada para que, "na iminência de uma erupção, se consiga, num prazo útil, garantir outros níveis de evacuação da população".
"Estamos a acompanhar ao minuto a situação e qualquer alteração do estado que agora identifiquei será, de imediato, comunicado, a qualquer hora que seja", frisou.
Segundo o secretário regional da Saúde, o padrão de sismicidade em São Jorge mantém-se inalterado, desde sábado, com sismos de baixa magnitude, mas o histórico sismosovulcânico da zona onde estão a ocorrer e os dados de satélite fizeram elevar o alerta do CIVISA, que já tinha subido para V3 no sábado.
O governante referiu "a elevada atividade sísmica registada, a localização e natureza geológica dos epicentros e, de uma forma muito particular, o histórico de erupções vulcânicas no mesmo sistema tectónico, em 1580 e em 1808, para além da crise sismovulcânica de 1964, e também a deformação costal, entretanto observada por satélite".
Clélio Meneses disse ainda que existe "o risco de ocorrência de um sismo de maior magnitude", que "assume maior grau de preocupação, atenta a situação de alerta amarelo, para a próxima sexta-feira, nas ilhas do grupo central, com intensa chuva, que poderá provocar deslizamentos de terra".

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O titular da Proteção Civil nos Açores admitiu também o risco de haver uma erupção vulcânica, que poderá "significar danos maiores", se ocorrer em terra.
"Quando estamos a falar na possibilidade de acontecer, não quer dizer que aconteça. O que estamos é, de acordo com o conhecimento científico e com o risco de isto acontecer, a preparar para o pior cenário, não querendo que ele aconteça", sublinhou.
Clélio Meneses lembrou que, em 2005, o Vulcão do Fogo, na ilha de São Miguel, "esteve com grande atividade sísmica durante cerca de nove meses", com sismos a uma profundidade de dois quilómetros, "mas não passou daí".
"Neste momento, [em São Jorge] estamos entre os 7,5 e os 12 quilómetros de profundidade, o que quer dizer que não há um risco imediato de acontecer a erupção, mas há um risco possível de acontecer", reforçou.