Gulbenkian apoia vacinação contra Covid-19 de quem não pode sair de casa

Projeto disponibiliza 50 carrinhas, começou no Norte e vai abranger 100 mil pessoas de todo o país.

A Fundação Gulbenkian arrancou, esta semana, com um projeto para ajudar a vacinar contra a Covid-19 cerca de 100 mil pessoas acamadas ou com falta de mobilidade em todo o país. Para tal disponibilizou 50 carrinhas para transportarem médicos, enfermeiros e vacinas.

As primeiras cinco unidades móveis fizeram-se à estrada para apoiar a Administração Regional de Saúde do Norte. A TSF acompanhou a enfermeira Andreia Pinto e o médico Pedro Sampaio, da Unidade de Saúde Familiar Fénix, de Vila Real, na visita a casa de Raquel Aires, de 81 anos, residente em Vilarinho do Tanha.

Raquel tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19 sentada no sofá onde passa muitos dos seus dias. Sofre da doença de Parkinson e não anda. É uma das primeiras pessoas vacinadas no âmbito do projeto-piloto que a Fundação Gulbenkian desenvolve em colaboração com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte).

"Estava mortinha por levar a vacina, mas eu não ando e só se viesse a ambulância para me levar é que a poderia tomar", disse Raquel após a "pica", agradecendo a visita aos profissionais de saúde. A enfermeira Andreia disse-lhe, a seguir, para estar atenta, porque o braço "pode ficar a doer durante dois ou três dias", bem como ter "dores de cabeça e fazer febre".

Os dois profissionais de saúde esperaram meia hora para verificar se havia alguma reação adversa à vacina. A seguir despediram-se e seguiram para a cidade de Vila Real, onde esperava Maria da Graça Fernandes, de 93 anos, acamada há seis com demência e Parkinson.

A filha de Maria da Graça, Julieta Afonso, assumiu que só permitiu que a mãe fosse vacinada por "descargo de consciência". Esta medida de prevenção nem estava no centro das suas preocupações. "Não estou preocupada com a vacina, nem para ela nem para mim". Mesmo assim, Julieta Afonso ficou aliviada por não ter de retirar a mãe de casa para tomar a vacina noutro local.

Foi durante o périplo pelo concelho de Vila Real que Pedro Cunha, da Fundação Gulbenkian, explicou que o projeto que começou esta semana mais não é do que continuar um legado que já leva mais de 60 anos. Recordou que "o primeiro plano de vacinação de Portugal foi inteiramente financiado pela Gulbenkian". Começou em 1965 e permitiu "erradicar doenças como a poliomielite, que afetava milhões de crianças em todo o país".

Erradicar a Covid-19 será, por agora, um objetivo ambicioso, mas Pedro Cunha espera que Gulbenkian contribua para acelerar o processo de vacinação de quem não pode sair de casa. Haverá também carrinhas que permitirão administrar vacinas no seu interior. O objetivo é "não deixar ninguém para trás".

É por conseguir chegar a aldeias recônditas e a pessoas dependentes que o presidente da ARS-Norte, Carlos Nunes, diz que o projeto da Gulbenkian é "uma mais-valia". Por isso, o desafio foi "agarrado com as duas mãos", não só pela instituição que dirige como por agrupamentos de centros de saúde, como é o caso do Marão e Douro Norte, no qual trabalham a enfermeira Andreia Pinto e o médico Pedro Sampaio.

Carlos Nunes está confiante que a colaboração com a Gulbenkian vai ter um balanço "positivo". Só na região Norte prevê-se a vacinação de 25 mil pessoas, distribuídas pelas áreas do Gerês-Cabreira, Alto Tâmega e Barroso, Marão e Douro Norte, Douro Sul e Feira-Arouca.

Depois desta primeira fase piloto no Norte, as restantes carrinhas, que permitem a vacinação ao domicílio e dentro das unidades de maior dimensão, vão ser disponibilizadas ao resto do país.

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