- Comentar
É quase certo que mais concelhos vão ser declarados esta quinta-feira em situação de alerta amarelo ou de risco elevado e muito elevado por causa do agravamento da Covid-19, recuando, assim, no processo de desconfinamento.
A convicção é de Carlos Antunes, perito da equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que tem acompanhado a evolução da pandemia e que recebe os dados atualizados, por concelho, da Direção-Geral da Saúde (DGS), que acredita ser algo inevitável tendo em conta que há uma semana, na última atualização feita depois do Conselho de Ministros, o país tinha um incidência de 172,8 novos casos por 100 mil habitantes e agora já chegou a 247,3.
Além do indicador anterior, disponibilizado nos relatórios diários da DGS, Carlos Antunes explica que a análise que têm feito na Faculdade de Ciências confirma aumentos evidentes em inúmeros concelhos do país.
A matemática
Na última semana foram 66 os concelhos identificados pelo Governo em situação de alerta ou risco elevado e muito elevado de contágio, mas desta vez o perito está convencido que serão mais de 80, ou seja, estando acima do limite de 120 novos casos por 100 mil habitantes.
É uma questão de matemática: "Todas as regiões estão a subir a sua incidência e algumas a um ritmo muito elevado, nomeadamente no Algarve e na região Norte. E isto, sendo uma média, quer dizer que quase todos os municípios irão subir, também, as suas taxas locais de incidência".
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Ouça as explicações de Carlos Antunes, ouvido pelo jornalista Nuno Guedes
A cidade de Lisboa já está, segundo Carlos Antunes, com uma incidência de 702, com tendência evidente de subida nos concelhos vizinhos de Cascais, Oeiras, Amadora, Almada, Loures, Odivelas e Sintra.
A Sul destaque para Loulé e Albufeira que já vai com uma incidência de 942 casos e efeitos evidentes de contágio aos municípios vizinhos, sem "sinais de abrandamento".
Crescimento avassalador a Norte
No entanto, Carlos Antunes destaca que, apesar da pandemia continuar a crescer nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve, é a Norte que o aumento tem sido ainda mais expressivo.
"Toda a região Norte tem tido um aumento avassalador. O Norte tinha há pouco mais de 8 dias cerca de 160 casos diários e esse número passou rapidamente para 550. Nenhuma outra região observou um aumento tão rápido e repentino da incidência, pelo que é normal que todos os concelhos essencialmente em torno da cidade do Porto, mas em geral em toda a região Norte, assistam a uma progressão de forma muito rápida", prevê o perito da Faculdade de Ciências.
Aliás, nada indica que os aumentos de casos que se têm verificado um pouco por todo o país tenham tendência para parar em breve.
"Do ponto de vista matemático não há nenhum fator que esteja a contribuir para inverter a situação de crescimento. Pode atenuar a velocidade de crescimento, algo que está a acontecer, por exemplo, em Lisboa e Vale do Tejo, mas enquanto o Rt (índice de transmissibilidade) estiver em subida não há sequer sinal de quando possa ocorrer o pico desta vaga epidémica", conclui Carlos Antunes.
