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Ronda uma centena de casos o número de pessoas contaminadas no surto de Covid-19 registado na Azambuja, números atualizados por Mário Durval, delegado regional de saúde pública de Lisboa e Vale do Tejo.
"A Sonae tem 91 casos, as outras empresas têm os mesmos que tinham. Algumas é zero e outras têm dois ou três, nunca mais tiveram nenhum. Mas continuamos a investigar na Sonae. Eles têm 800 trabalhadores, segunda e terça-feira chegaremos a mais de metade. Estamos a fazer isto de forma sistemática", revelou à TSF Mário Durval.
Mário Durval confirma que na origem do surto estarão as condições de vida destes trabalhadores precários, contratados por empresas de trabalho temporário que nem sempre garantem alojamento apropriado a estes tempos de pandemia.

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"Sabemos que pertencem a uma série de comunidades que fazem trabalhos temporários, costumam viver em comunidades contratadas por empresas de trabalho temporário que fornecem, muitas vezes, habitação em condições de grande densidade. Também há outros grupos de pessoas que vivem nas zonas periféricas de Lisboa, a esmagadora maioria das pessoas que estão com problemas na Azambuja não são de Azambuja", explicou o delegado regional de saúde pública de Lisboa e Vale do Tejo.
De acordo com Mário Durval é um caso de difícil resolução, mais de âmbito social do que de saúde pública.
"Estamos a falar de condições sociais, de imigração, de uma série de ministérios que podem concorrer. Isto não é uma tarefa da saúde pública, naturalmente. A saúde pública sabe uma coisa: as condições socioeconómicas são o principal fator. Quem é pobre adoece mais, de todas as doenças, do que os que vivem melhor", afirmou Mário Durval.

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O presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, confirma que poucos trabalhadores são do seu concelho. A maioria são estrangeiros e, entre os poucos que conhece, também houve casos de infeção.
"São indianos, paquistaneses, de todos esses países. Em Azambuja só lhe posso falar num caso concreto porque sei que estão alguns indianos a viverem em casas alugadas e são cinco, seis ou sete, muitos assim juntos, e provavelmente nem vão mantendo aquela distância social dos dois metros, conforme a Direção-Geral da Saúde nos indica", disse Luís de Sousa.
Além disso, o autarca explica que é difícil comunicar com estas pessoas porque não têm grande à-vontade com o português.

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"Português nada. Alguns falam inglês, mas também é muito difícil, lá vamos compreendendo. Na Câmara, na área social, temos uma técnica ou duas que vão acompanhando estes jovens que estão a viver nestas casas.
Posso dizer-lhe que ontem foram fazer os testes porque havia lá uma família com seis deles que estavam positivos, estiveram isolados durante 14 dias e agora foram fazer os segundos testes", acrescentou o presidente da Câmara de Azambuja.

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