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O mais recente censo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves indica que existem motivos de preocupação, que devem provocar uma mudança de comportamentos "a grande escala". Existem espécies de aves comuns que cada vez são menos vistas e ouvidas em Portugal continental e ilhas.
Os censos de aves comuns são feitos em Portugal há 17 anos e a análise realizada na primavera de 2021, liderada por Hany Alonso - da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves - vem corroborar a tendência de desaparecimento em algumas populações, como a andorinha das chaminés, a milheirinha, picanço-real ou o picanço-barreteiro.
Algo que é motivo de preocupação, porque "as aves comuns são a base do ecossistema, constituem o grosso da biodiversidade em termos de quantidade". Este decréscimo de algumas espécies pode estar relacionado com uma "alteração dos habitats ou com a diminuição de alimento disponível".
Ouça a reportagem TSF
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O coordenador dos censos da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves adianta que tudo isso tem impacto no meio envolvente. "Os predadores vão alimentar-se destas espécies mais comuns, que têm um importante papel a nível da regulação dos insetos e, no caso de serem aves de rapina, de controlar alguns micromamíferos", alerta.
Hany Alonso considera, por isso, que é necessário implementar "mudanças de larga escala, por exemplo, na agricultura intensiva, no uso do solo ou nas alterações climáticas".
Este ano, o censo das aves comuns foi realizado com a ajuda de 30 voluntários. Cada um deles foi responsável por um pedaço de território continental ou insular e, através da observação e audição, foi possível analisar 64 espécies entre os dias 1 de abril e 15 de junho.