Há mais de cem abusadores no ativo na Igreja. "Afastamento real será algo a ter em conta"

A Comissão Independente divulgará no final de fevereiro a lista dos padres acusados de abusos sexuais que ainda estão a exercer funções nas instituições católicas.

O coordenador da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica revelou que há mais de uma centena de padres acusados de abusos sexuais ainda no ativo. Em entrevista à SIC Notícias, Pedro Strecht adiantou que será fundamental afastá-los de crianças e adolescentes.

"O somatório destes casos e, sobretudo, a perceção de pessoas que estão vivas e ainda no ativo, ou já não, é que nos vai levar ao número final. Há [um número] aproximado e será claramente superior a uma centena", avançou Pedro Strecht.

Sendo que em Portugal há pouco mais do que quatro mil padres, segundo o coordenador da Comissão Independente, o número de padres acusados de abusos sexuais "não andará longe do que é a média dos outros estudos, ou seja, entre dois a quatro por cento da população ativa de toda a comunidade religiosa de um país".

"Só o afastamento real, pelo menos de espaços físicos ou de relação onde haja crianças e adolescentes, será sempre algo fundamental a ter em conta. Com os dados que estão aqui presentes e postos na mesa, eu não creio mesmo que das hierarquias da igreja católica se voltem a cometer os mesmos erros do passado", defendeu.

A lista dos abusadores que ainda estão a exercer funções nas instituições católicas será conhecida no final deste mês de fevereiro.

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu, durante a tarde de segunda-feira, em Belém, o relatório sobre os abusos sexuais na Igreja Católica, das mãos da comissão independente. O Presidente da República sublinhou a "imperiosidade da Igreja Católica" e concordou em alargar a prescrição dos crimes para os 30 anos da vítima.

A Comissão Independente validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4815.

Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos no período compreendido entre 1950 e 2022, o espaço temporal que abrangeu o trabalho da comissão.

O sumário do relatório, contudo, revela que "os dados apurados nos arquivos eclesiásticos relativamente à incidência dos abusos sexuais devem ser entendidos como a 'ponta do iceberg'".

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