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A notícia é avançada esta terça-feira pelo jornal Público que teve acesso aos processos que podem acusar cinco instrutores dos Comandos, dois deles já a serem julgados pelos crimes do curso de 2016.
De acordo com o jornal, grande parte dos recrutas ficou em estado grave, uns ficaram em cuidados intensivos, outros internados a fazer hemodiálise durante semanas por desidratação extrema. Há, inclusive, relatos de formandos que nunca recuperaram totalmente das lesões sofridas durante cursos de Comandos.
Os casos aconteceram em 2014 e 2015 e eram do conhecimento do Exército que chegou a abrir processos de averiguação, arquivados dois meses depois e sem consequências ou recomendações para o futuro.
No entanto, na fase de inquérito do curso que levou à morte de dois recrutas, a Procuradora determinou a abertura de outros dois inquéritos referentes a estes cursos anteriores.
Há cinco arguidos a aguardar o despacho final com termo de identidade e residência, sendo que dois deles já estão a ser julgados por crimes de abuso de autoridade por ofensas à integridade física, relativos ao curso que deu origem às mortes de Dylan da Silva e Hugo Abreu.
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Nos despachos consultados pelo jornal Público constam várias ações mais violentas dos instrutores.
Por exemplo, um formando ficou três horas dentro de uma ribeira com água até ao pescoço, sem possibilidade de se agasalhar depois. Há também referência a um soldado que ficou com o nariz partido depois de um soco, continuando a instrução nessas condições.
Uma outra agressão deu origem a um tímpano perfurado, com o mesmo instrutor a bater com a cabeça dos formados no solo até haver sangue. Um formador usou um cinto para apertar o pescoço de um soldado até ele desmaiar, acabando por ser levado de ambulância.
As investigações estão em curso. A Procuradora propôs perícias médico-legais para apurar a ligação entre os cursos e os danos corporais dos formandos.