Holocausto? Racismo? "Não Esquecer" para evitar repetições

É um programa lançado pelo MNE mas que abrange várias áreas do Governo, municípios e sociedades civis, pretende durar ano e meio e deixar frutos sobre a memória nacional do Holocausto. Marta Santos Pais é a Comissária. Entrevista na TSF.

Foi diretora na UNICEF antes de ser a representante especial do secretário-geral da ONU para as questões da violência sobre as crianças. De regresso de Nova Iorque, foi designada por Augusto Santos Silva para liderar o programa nacional "Não Esquecer" sobre a memória nacional do Holocausto.

Nos estúdios da TSF, Marta Santos Pais revela que o programa pretende recordar ilustres "portugueses que, de forma extremamente corajosa, salvaram muitas das pessoas em fuga, designadamente judeus que fugiam da Alemanha e da França ocupada e de outras zonas da Europa central".

Fez em junho oitenta anos desde a intervenção do Cônsul de Portugal em Bordéus, Aristides Sousa Mendes, que, à revelia da ditadura salazarista, passou milhares de vistos a judeus que tentavam fugir à ocupação e aos campos de extermínio. Mas também o trabalho de outros diplomatas como Sampaio Garrido e Teixeira Branquinho em Budapeste e particulares no país ou no estrangeiro. Mas, no Holocausto, os portugueses não foram apenas testemunhas: "Houve vítimas portugueses que sofreram em campos de concentração e de trabalhos forçados e houve também portugueses que manifestaram uma profunda solidariedade em relação aos refugiados que tentaram encontrar abrigo e acolhimento no nosso país".

O programa Não Esquecer vai apoiar a investigação mas não só: "é nosso objetivo garantir que exista a identificação, catalogação e digitalização de todo esse património cultural" arquivístico sobre o Holocausto, em Portugal. Para Marta Santos Pais, é crucial "conhecer melhor o passado e, ao mesmo tempo, ajudar à investigação propriamente dita". Como a que tem sido levada a cabo por Cláudia Ninhos e Fernando Rosas no Instituto de História Contemporânea e que tem aumentado o conhecimento sobre as vítimas portuguesas do Holocausto.

Um outro capítulo importante incide sobre a "educação e formação de profissionais", daí a importância da articulação com o trabalho levado a cabo, e a desenvolver, pelo Ministério da Educação.

Marta Santos Pais entende que saber mais e melhor sobre o passado é ainda, a melhor forma de prevenir o futuro, até pelo presente que temos: "os riscos da discriminação, do racismo, da xenofobia e do antissemitismo, estão infelizmente muito presentes". Mas realça que este programa também acontece "num momento em que Portugal está a apoiar famílias refugiadas de outras guerras e zonas do mundo". O governo, através dos recursos disponíveis em cada uma das entidades, pretende que, no global, seja afetada ao programa uma verba que ronde o milhão de euros e que este seja um programa que perdure no quotidiano para ajudar a reforçar a defesa dos direitos humanos para "todos os que fazem parte da família humana, não havendo diferenças na raça ou na religião, na língua, na nacionalidade, ou qualquer outra distinção". Este é o tempo para... "Não Esquecer!"

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