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As vozes e os rostos dos 16 jovens mostram bem a felicidade por estarem longe da guerra. Saltitam dentro da água do mar, tiram fotos para enviarem para os pais na Ucrânia. Tentam pela primeira vez colocar-se em cima de uma prancha e fazer paddle. São miúdos que vieram do município de Bilopillya, na região de Sumy, apenas a 14 quilómetros da fronteira com a Rússia.
Tatiana é a professora que os acompanha e tenta traduzir em inglês o que dizem. Conta que, mesmo estando por cá, estes jovens, que têm idades entre 10 e 16 anos, estão sempre preocupados com o seu país. Todos os dias procuram as últimas notícias, veem as redes sociais. A tradutora, responsável por uma associação de imigrantes em Portimão, denota a mesma ansiedade. "Eles estão preocupados com os pais", relata.
No entanto, garante que os pais destes jovens estão muito mais satisfeitos por eles estarem em segurança, pelo menos durante as três semanas em que dura o campo de férias. "Já estou é preocupada com o seu regresso", confidencia esta cidadã ucraniana que vive há 20 anos em Portugal. Quando vieram, os rapazes e raparigas ucranianos tiveram que fazer três dias de viagem para chegarem a Portugal.
Ouça aqui a reportagem da TSF
Estão durante cerca de três semanas em Portimão, até ao dia 24 de outubro, por enquanto o único município português a aderir ao projeto do Comité das Regiões. O programa do campo de férias nesta cidade algarvia proporciona uma série de atividades, desde passeios culturais, ambientais, viagens de barco, atividades desportivas no mar, aproveitando o bom tempo que ainda se faz sentir.
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A presidente da Câmara Municipal de Portimão considera que era sua "obrigação" abraçar a iniciativa, conjuntamente com outras 16 cidades europeias. "Estes jovens vão ficar marcados para o resto da vida por uma guerra ingrata, que ninguém quer", afirma Isilda Gomes. "É uma forma de lhes dar uma forma diferente de ver o mundo, porque para muitos deles parece que o mundo está a ruir", lamenta. A autarca acredita que esta experiência poderá trazer-lhes estabilidade emocional e confiança para o futuro.
Nestes dias as dez raparigas e os seis rapazes têm feito atividades que consideram únicas. Uma delas é poder tomar banho no mar em segurança, o que não lhes é permitido nos seus rios locais, agora minados. "Estamos tão contentes por ter dias de sol e estarmos em segurança aqui!", exclama a professora que acompanha os jovens. Tatiana lembra que há poucos dias estavam zero graus de temperatura na Ucrânia.
Entre as muitas atividades que têm realizado, os jovens confessam as que mais gostaram. "Do mar, de fazer karting e de ir ao parque aquático", afirmam duas jovens, a sorrir.