Lar de Reguengos ainda receia que "alguma coisa possa voltar a falhar"

Reguengos continua a ser o concelho do Alentejo com mais pessoas infetadas com covid-19.

Os idosos já regressaram ao lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz, depois do surto que se instalou na instituição há quatro meses, provocando 18 mortes. Os cuidados foram redobrados e tenta-se recuperar a confiança. Mas entre a população ainda há quem recuse o trabalho no campo com receio de ser contagiado.

"Tomámos todas as medidas que nos foram recomendadas pelas autoridades competentes", garante João Silva, o diretor de serviços da instituição que na última vistoria garantiu "zero desconformidades", admitindo que os tempos são de cautelas redobradas nesta Estrutura Residencial Para Idosos.

Ainda assim, não há risco zero. "Todos os dias temos os nossos receios de que alguma coisa possa voltar a falhar, que é algo que nós, muitas vezes, não conseguimos controlar a cem por cento", diz à TSF, assumindo que hoje a resposta à tragédia que aqui foi vivida seria bem diferente. "Estamos todos mais bem preparados. Tanto nós, as instituições, como as instituições tutelares", diz, apontando a "outra visão das medidas a adotar e à rapidez com que as têm que pôr em prática", sublinha, numa altura em que o lar continua sem visitas. Está na forja a criação de um espaço para que os utentes possam receber os seus familiares, com João Silva a admitir que a "confiança está a ser recuperada".

Mas ainda existem sinais de medo que se estendem pelo concelho. Nos campos ali à volta, por exemplo, há quem se debata com dificuldades para conseguir contratar mão-de-obra para a apanha da azeitona. Que o diga Manuel José Ferro, de 83 anos, que teve de ir buscar "um ajudante" a 20 quilómetros de distância.

"Isto é uma atividade de precisa de gente e, como tal, algumas pessoas também se privarão de vir trabalhar com receio de serem infetadas por outros colegas, admite Manuel José Ferro, revelando que ele próprio está praticamente confinado no seu monte. "Só vou a Reguengos, devidamente protegido, comprar o que preciso e depois fico aqui confinado. Isto dura há seis ou sete meses".

Já o turismo quase passou entre os pingos da chuva, mas só nos meses de agosto e setembro. O setor receava o pior depois de um julho quase às moscas, após o surto de covid. Mas os portugueses "salvaram" o verão.

Segundo o empresário Francisco Godinho, houve uma recuperação na ordem dos 70%, em relação a agosto do ano passado, "e setembro também funcionou bastante bem. 99% do turismo foi português", confirma, revelando que há algumas reservas para outubro, "mas nada comparado com outubro de 2019".

Reguengos continua a ser o concelho do Alentejo com mais pessoas infetadas com covid-19. Mas de um total de 194 contaminados regista hoje quatro casos ativos.

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