"Lutar pela escola pública." Professores marcham entre Escola Secundária e Câmara de Mirandela

Os docentes prometem continuar a lutar pelo ensino público.

A greve dos professores, convocada pela Fenprof e por mais sete sindicatos, chega esta sexta-feira ao distrito de Bragança. Em Mirandela há esta manhã uma marcha entre a Escola Secundária de Mirandela e a Câmara Municipal, que começou às 9h30.

Rui Feliciano é professor desta escola "há muitos anos" e promete continuar a lutar pelo ensino público.

"Não acho que o ministro esteja de boa-fé. Quando estamos de boa-fé vamos para uma mesa de negociações com propostas exequíveis onde ambas as partes, naturalmente, têm de ceder. As propostas do ministro são lamentáveis no que diz respeito ao trabalho que os professores fazem nas escolas, nomeadamente a questão da mobilidade por doença, as próprias carreiras em si, a questão do descongelamento das carreiras, a defesa da escola de qualidade e de exigência. Os professores estão num emaranhado de burocracia. Compreendemos bem o documento que o ministro entregou e não estamos satisfeitos. São migalhas", defendeu Rui Feliciano.

Questionado sobre as preocupações dos pais por terem os filhos sem aulas, o docente considera que os encarregados de educação devem concentrar-se nos outros problemas de fundo, que são recorrentes e também afetam a educação dos jovens.

"Os pais não têm de estar preocupados com a ausência de aulas pela greve. Até segunda-feira havia 45 mil alunos que estavam sem aulas pelo menos a uma disciplina por não terem professor, certamente a preocupação não é pela greve. Os outros motivos são recorrentes e, se não se fizer nada, continuarão a haver problemas graves, sem aulas", acrescentou o professor.

A representar os pais neste protesto está Gabriela Lomba, uma mãe que diz estar interessada em que a escola pública funcione cada vez com mais qualidade.

"Que os professores tenham condições de trabalho e seja reconhecida a profissionalidade docente para que os nossos filhos tenham um ensino de mais qualidade e sejam mais felizes na escola, que é isso que se pretende", afirmou Gabriela Lomba.

Reconhece que as paralisações são prejudiciais à educação dos alunos, mas também defende que os motivos dos professores são mais do que suficientes.

"Há prejuízo, mas uma greve, se não causar efeito, não é greve. Os pais têm de compreender e estar solidários com os professores", sublinhou a professora.

Já Paula Tomé, do Sindicato dos Professores do Norte, mostrou-se confiante nas negociações com o Ministro da Educação. Espera que João Costa perceba que os professores "precisam de ser ouvidos" e aceite mais algumas das propostas.

"Estamos confiantes, temos de estar, até ao fim das negociações. Hoje é a primeira reunião e esperamos que desta e das próximas ocorram mais algumas propostas que ajudem as pessoas. Esta última proposta concursal não está a agradar e não nos parece que vai ser aceite. Não estamos favoráveis a propostas que não sejam o melhor para os professores", garantiu Paula Tomé.

Para já, está "bastante satisfeita" com a adesão à greve em Mirandela.

"Uma grande adesão, com muitos professores aqui à frente da escola", rematou a representante do Sindicato dos Professores do Norte.

A Escola Secundária de Mirandela ainda está aberta, mas vai fechar esta sexta-feira. As restantes escolas do agrupamento já estão encerradas, por falta de professores. O agrupamento de escolas de Mirandela é o maior do distrito de Bragança.

Os professores estão em greve desde o final do ano passado e, neste momento, estão a decorrer em simultâneo três greves diferentes organizadas por diferentes organizações sindicais: primeiro foi o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) em dezembro, seguiu-se o SIPE no inicio do segundo período de aulas e este semana arrancou uma greve por distritos promovida por uma plataforma de estruturas sindicais, onde se encontra a Federação Nacional de Professores (Fenprof).

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