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O Governo Regional da Madeira exige à Direção-Geral da Saúde (DGS) que corrija os dados que comunicou ao Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) e que levaram a região a ser considerada, erradamente, como estando em risco máximo de transmissão da Covid-19.
Ao contrário do resto país, no último mapa europeu de risco, a Madeira surge no patamar mais grave, acima das 500 infeções por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.
É atribuída à região autónoma uma taxa de incidência de 617 casos, muito acima dos 115 do Continente e incomparavelmente mais do que os Açores, que se ficam pelos 37, colocando em causa, segundo o governo regional madeirense, a imagem do arquipélago, que até agora nunca tinha chegado a estes níveis de contágio.
O Governo Regional da Madeira garante que os números são "falsos" e "enganadores", pois resultam de um atraso na receção de centenas de notificações feitas pela Madeira à DGS - como a própria DGS assinalou em vários boletins diários do início de março - e não deviam ter sido comunicados pela DGS ao ECDC.
Dados "viciados"
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O secretário regional da saúde afirma à TSF que a reação é "de profunda desilusão, pois os dados que motivaram essa classificação de risco estão viciados". "Em primeiro lugar, porque o serviço regional de saúde e o laboratório de saúde pública sempre comunicaram diariamente os resultados às entidades regionais e nacionais. Em segundo, porque houve sempre comunicação com a DGS em relação a esta situação e houve mesmo um aviso - como provam os e-mails que temos - e avisámos antecipadamente de que existiu uma falha informática que levou os dados a não chegaram à DGS, onde um responsável admitiu que, quando carregou novamente na plataforma, os dados apareceram, "explica.
Pedro Ramos argumenta que os números enviados pela DGS ao ECDC são "errados e viciados, pois correspondem à data de notificação e não à data do diagnóstico", não pertencendo "à semana em estudo".
Madeira exige correção
Razões que levaram o Governo regional a "exigir" à DGS a correção dos dados junto do ECDC, algo que, segundo Pedro Ramos, já foi feito através do chefe da divisão de estatísticas da DGS.
No entanto, no site do ECDC, a Madeira continua com a mesma classificação que lhe foi atribuída no final da semana passada, ou seja, com risco máximo para a Covid-19, num mapa fundamental para muitos dos que planeiam viagens.
"Foi um acumulado de notificações por uma questão informática para a qual a DGS estava avisada", refere o responsável do governo regional, que explica que têm provas de que as notificações foram para uma espécie de "spam" da autoridade nacional de saúde.
DGS nega correção
Questionada pela TSF, a DGS confirma que recebeu o pedido da Madeira para que fosse enviado ao ECDC o valor da taxa de notificação calculada pela região autónoma, mas explica que isso não é possível, pois os cálculos são feitos pelo próprio centro europeu com base naquilo que está registado no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE).
A DGS explica que avisou logo à partida o ECDC para os atrasos das notificações e propôs a inclusão de uma nota referente aos resultados da Madeira no mapa de incidências - algo que, até ao momento, não se encontra nos mapas europeus de risco.
A autoridade nacional de saúde acrescenta que detetou "no final de janeiro uma discrepância nas notificações reportadas", mas responsabiliza o laboratório madeirense. "Neste momento, o problema já se encontra resolvido", revela a DGS.
PS acusa governo regional de mentir
Entretanto, o assunto passou a ser tema de debate político na região autónoma, com o líder do PS no parlamento regional a acusar o Governo liderado por Miguel Albuquerque de "mentir".
Miguel Iglesias afirma que a culpa não é da DGS, mas, sim, do mau reporte dos dados feito pelas autoridades de saúde da Madeira com o governo regional a "mentir e omitir à população as causas deste problema".
Os efeitos para o turismo, um dos principais motores da economia regional, são graves: "Os operadores turísticos olham para as estatísticas disponíveis e veem que a Madeira é uma das piores regiões da Europa, num problema sério para a nossa imagem e reputação", avisa o líder do PS no parlamento regional.

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