Mais de 500 alunos do superior pediram em frente à AR melhores condições para estudar

O Dia Nacional do Estudante coincidiu com os 60 anos da crise estudantil de 1962.

A frente da Assembleia da República encheu-se esta quinta-feira com mais de 500 universitários que no Dia Nacional do Estudante pediram melhores condições para estudar, sem o obstáculo das propinas.

Uma hora depois de saírem da Praça do Rossio, em Lisboa, a mancha de estudantes subia finalmente a Rua de São Bento e antes mesmo de virarem para o parlamento as vozes que em uníssono entoavam gritos reivindicativos já anunciavam a chegada.

Debaixo de chuva, que começou a cair já no final do percurso, erguiam cartazes que mostravam ao que vinham: "A propina roubou-nos as carteiras, devolvam-nos a faculdade", "Mais representação estudantil" ou "Mais democracia nas instituições de ensino superior".

Os caminhos cruzaram-se logo na zona do Chiado, mas o grande grupo que acabou por encher as ruas da capital partiu de dois protestos distintos, mas com objetivos comuns.

Na Praça do Rossio, a concentração foi organizada por associações de estudantes de outras 12 instituições em Lisboa, Porto e Caldas da Rainha e pela Federação Académica de Lisboa, enquanto o Terreiro do Paço foi o ponto de partida escolhido pelo movimento Académicos, constituído por nove associações de todo o país.

"Aquilo que nós reivindicamos hoje é, essencialmente, a participação ativa dos estudantes. Estão aqui diversos estudantes que têm reivindicações diferentes e achamos que o importante neste dia era conseguirmos ter aqui um conjunto de estudantes muito grande, ativos e a participar", disse à Lusa João Machado, presidente da Federação Académica de Lisboa.

Este ano, o Dia Nacional do Estudante coincidiu com os 60 anos desde a crise estudantil de 1962, mais um motivo para os estudantes quererem sair à rua, na primeira grande manifestação de estudantes do ensino superior desde o início da pandemia da covid-19.

"A melhor maneira de homenagear os que lutaram no passado é lutar no presente. Muitas das suas lutas mantêm-se e nós temos de continuar a assumir essa responsabilidade que temos como dirigentes associativos e representantes dos estudantes", afirmou Carolina Santos, da associação de estudantes da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.

No rol de problemas que afetam o ensino superior, Carolina sublinhou o valor das propinas, a falta de alojamento nas residências universitárias e a insuficiência da ação social escolar e Nuno Marques, do Politécnico de Leiria, acrescentou ainda a falta de condições nas instituições, pedindo mais investimento no ensino superior.

Aluno na Escola Superior Artes e Design, Nuno relatou que, por exemplo, no curso de fotografia analógica são os próprios alunos que têm de suportar o custo dos rolos e o material disponível é insuficiente para chegar a todos os alunos.

À vista, está já um novo ciclo governativo com um novo nome à frente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que será liderado pela cientista Elvira Fortunato, e a mudança criou algumas expectativa nos estudantes.

"Com o antigo ministro [Manuel Heitor] foram poucas as vezes que houve reuniões com os estudantes e não ouviu, naturalmente, as nossas preocupações", recordou o presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior, Ricardo Nora, sublinhando que espera a proximidade com as associações estudantis seja retomada.

Depois do protesto, já à noite, a frente do parlamento será ainda palco de uma vigília promovida pela Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico, pelas 22h00, de homenagem às vitimas da guerra na Ucrânia.

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