Maternidades em risco de encerrar. Indignados, autarcas avisam: "Marcharemos em Lisboa"

Autarcas ameaçam com protestos, caso o Governo avance para o encerramento das maternidades que a comissão de acompanhamento propõe.

Os autarcas que podem ver as urgências de ginecologia e obstetrícia dos seus territórios encerrar, conforme recomenda ao Governo a comissão de acompanhamento, não aceitam o encerramento destas unidades. Ouvidos no Fórum TSF, autarcas da Guarda, de Castelo Branco e do Barreiro queixam-se de não terem sido ouvidos pelos peritos e prometem lutar se a proposta da comissão sair do papel.

"Haverá formas de luta, naturalmente. Estamos a falar de um hospital que, apesar de todas as dificuldades, manteve a sua maternidade aberta durante todo este tempo, enquanto outras unidades de hospitais de maior dimensão fecharam", defende Leopoldo Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco.

O autarca argumenta que, naquele caso, em causa está o segundo maior concelho do país em área territorial e uma maternidade que serve, além de Castelo Branco, um vasto conjunto de localidades, incluindo o concelho de Idanha-a-Nova, de onde já é "difícil" fazer chegar uma grávida. "Agora imagine o que é em situações de urgência para hospitais bastante distantes. É impraticável e estamos a colocar em risco a vida e o bem-estar e também a esperança das pessoas", alerta.

Leopoldo Rodrigues queixa-se de não ter sido contactado pela comissão de peritos: "Em nenhum momento nos perguntaram quais são as especificidades deste território, quais são as dificuldades das grávidas de uma determinada localidade (...) que condições temos para transportar essas pessoas para outro local se essa questão se vier a equacionar." "Acredito que a comissão de peritos seja constituída por pessoas de extrema qualidade e com muitos conhecimentos, mas é importante ouvir o território", acrescenta.

O presidente da Câmara da Guarda também está revoltado com a possibilidade que paira no ar. Indignado com o eventual encerramento da urgência de ginecologia e obstetrícia do hospital que serve 13 concelhos, Sérgio Costa avisa que, caso a medida avance, o protesto vai chegar a Lisboa: "Se houver uma qualquer tentativa de encerrar os nossos serviços, marcharemos em Lisboa. A população sairá à rua e irá para o Terreiro do Paço reivindicar aquilo a que tem direito."

Convicto de que o encerramento não vai acontecer, Sérgio Costa lembra que há localidades no distrito que ficam a mais de 100 quilómetros da cidade da Guarda. "Quem faz estes estudos não tem a mínima noção do que é o território, do que é a verdadeira coesão territorial. Estão única e exclusivamente preocupados com números, num qualquer gabinete de decisão em Lisboa, [a usar] régua e esquadro. Não sabem o que são as pessoas, o que são os territórios e o que são as instalações", critica.

No mesmo sentido, também o autarca do Barreiro se mostra desagradado com o eventual encerramento da maternidade no seu território e assegura igualmente que nem ele nem o centro hospitalar foram ouvidos.

Frederico Rosa avisa que não vai aceitar de ânimo leve o encerramento das urgências de ginecologia e obstetrícia e adiante que os autarcas da região já pediram uma reunião ao ministro da Saúde. Sublinha, no entanto, que não acredita que haja "esta falta de bom senso" na decisão do encerramento que considera "redutora".

Esta quarta-feira, o ministro da Saúde garantiu, em entrevista à RTP, que até ao final deste ano nenhuma maternidade vai encerrar, sublinhando estar neste momento concentrado em assegurar que o sistema funciona. Manuel Pizarro adiantou que a decisão vai ser tomada no próximo ano pela direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, organismo liderado por Fernando Araújo.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de