- Comentar
O número de computadores nas escolas mais do que duplicou em 2020/2021 e a média de alunos por equipamento passou a ser mais baixa no público do que nos colégios privados, segundo um relatório do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Relacionados
Há menos chumbos no secundário mas mais desigualdades entre estudantes
Professores têm de trabalhar em média até aos 62 para alcançarem topo da carreira
Mais de 26 mil alunos com falta de professores no ano passado
Depois de uma pandemia que obrigou as escolas a funcionarem à distância, o Governo acelerou a transição digital na Educação e adquiriu cerca de um milhão de computadores para distribuir pelos alunos.
Segundo o relatório "Estado da Educação 2021", divulgado esta quinta-feira pelo CNE, há dois anos as escolas tinham já 628.610 computadores, entre os estabelecimentos de ensino públicos e privados.
Olhando apenas para as escolas públicas, o número de equipamentos disponíveis (562.571) mais do que duplicou face ao ano letivo anterior, quando o CNE tinha contabilizado 236.322 computadores.
O reforço do parque informático foi tal que, a partir desse ano, a média de alunos por computador passou a ser mais baixa no setor público do que no privado, registando-se a maior diferença no 1.º ciclo, em que passou a haver 1,8 alunos por computador (eram 5,8 em 2019/2020) nas escolas públicas, contra 4,4 nos colégios.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
A tendência repete-se em todos os ciclos e mesmo no secundário, onde a diferença é menor, havia 2,1 alunos por computador no público, enquanto a média era 2,8 no privado.
No entanto, o CNE refere que, para cumprir os objetivos de assegurar o acesso às tecnologias digitais e à aquisição de competências, "não basta equipar as escolas com computadores", mas "importa também desenvolver abordagens pedagógicas que promovam a aquisição de competências digitais e experiências de aprendizagem ativas".
A propósito do parque informático das escolas, o relatório sublinha "uma enorme revolução" no ano letivo 2020/2021.
"Enquanto nos anos letivos precedentes os computadores de secretária, com mais de três anos, constituíam a maior parte dos dispositivos informáticos, no último ano os computadores portáteis passaram a ser os mais usados nas escolas (61,2%), a maior parte dos quais (56,2%) com três ou menos anos", refere o CNE.
Ainda no tema da digitalização, o relatório aponta que o número de licenças resgatadas para manuais escolares digitais cresceu 17% em 2021, registando-se um aumento ainda maior, de 34%, no 2.º ciclo.
"Este valor é significativo, sobretudo se se considerar que o número de alunos matriculados registou uma diminuição no mesmo período", aponta o CNE.
Apesar dos avanços, o nível de proficiência dos docentes em competências digitais ainda é baixo, alerta o órgão consultivo do Ministério da Educação, que destaca os domínios do ensino e aprendizagem, avaliação e promoção da competência digital dos aprendentes.
Consulte aqui o relatório "Estado da Educação 2021" na íntegra