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O Rossio, em Viseu, foi ao final da tarde desta quinta-feira palco de uma vigília de protesto contra o último concurso de colocação de médicos de família, que deixou a cidade sem qualquer vaga apesar de ter 9.811 utentes sem clínico.
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Para denunciar a situação, vários profissionais de saúde concentraram-se à porta da Câmara Municipal. A vigília juntou perto de meia centena de pessoas, a maioria com formação em medicina. Alguns até vestiram a bata durante a ação de protesto. Foi o caso do recém especialista Luís Duarte.
"O Governo devia ter aberto vagas aqui, mas a verdade é que mais de metade dos lugares a concurso são para a área de Lisboa e Vale do Tejo, é certo que lá há muita falta de médicos de família, mas aqui também", garante, lamentando que ele e os colegas recém especialistas estejam a ser empurrados "para o litoral do país deixando a descoberto muitos utentes de Viseu".
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Luís Duarte vai tentar arranjar vaga num Centro de Saúde perto da cidade de Viriato. Estabeleceu como meta uma hora de viagem.
"Se não tiver lugar rescindo e seguirei a minha vida no privado ou fazendo outra coisa qualquer no âmbito da medicina, oportunidades não faltam", aponta.
A vigília foi convocada por três médicas internas do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Dão Lafões, unidade que teve autorização para contratar apenas três novos especialistas quando formou no último ano 11 clínicos. Tem 11.716 utentes sem médico de família.
"É com muita perplexidade que vemos o mapa de vagas, não se compreende como é que um Ministério da Saúde apregoa que querer assegurar que todos os portugueses tenham médico de família e depois tem um mapa de vagas como o que apresentou", critica a médica interna Inês Laia, dando ainda conta do "sentimento de tristeza" dos colegas e dos utentes que não têm clínico.
O presidente da Seção Regional do Centro da Ordem dos Médicos solidarizou-se com os médicos de Viseu e marcou presença na vigília.
Carlos Cortes diz que há profissionais interessados "em ficar nas áreas carenciadas" e lamenta que o Ministério da Saúde não tenha aberto "vagas onde eles são necessários".
"O Ministério da Saúde coloca-se neste momento como principal obstáculo na fixação dos médicos no Serviço Nacional de Saúde, portanto, este mapa tem que ser corrigido e faço este apelo à ministra da Saúde que corrija este mapa", afirma.