Melhorar saúde mental? Passear cães pode ser uma ajuda

Numa parceria entre a Associação de Saúde Mental do Algarve e a Câmara Municipal de Olhão, os utentes passeiam os cães do canil municipal.

"Hoje não vamos conseguir levar o da Manela, o Black, porque foi esterilizado há pouco tempo", anuncia Carolina Martins. A psicóloga acompanha o pequeno grupo de utentes do Fórum Socio-Ocupacional da Associação de Saúde Mental do Algarve (ASMAL). Vieram de Faro até ao canil municipal de Olhão, onde realizam semanalmente esta atividade.

O Black hoje não pode passear, mas o Branquinho ou o Bob Marley estão prontos para ir dar um passeio pelas salinas.

Assim que os utentes da ASMAL, a Associação de Saúde Mental do Algarve, se aproximam do canil, os latidos são mais que muitos. A Susana, uma das utentes, confessa o seu receio: "Eu gosto de cães, mas tenho medo que me mordam." Por isso, à jovem foi atribuído um cão pequeno e inofensivo, de cor bege. Já o José nada teme. "Eu adoro animais, seja galinhas, patos, ou cães, adoro", afirma satisfeito.

Costuma passear o Branquinho mas hoje ele mudou de mãos. Leva pela trela outro cão de tamanho médio, de cor castanha, a quem coloca de imediato o nome de Bob Marley, ou não fosse ele um admirador do artista de reggae.

No canil estão cerca de 60 cães e o vereador da câmara municipal de Olhão revela que esse número tem crescido, visto que depois da pandemia tem-se assistido a um abandono maior dos animais. A autarquia tem em mãos o projeto de construir até final do próximo ano um centro de recolha animal que vai permitir acolher o triplo dos animais ali existentes atualmente. Enquanto isso não acontece, é às velhinhas instalações do canil que os utentes da ASMAL se dirigem.

Para os responsáveis da Associação de Saúde Mental do Algarve, estas visitas, que se realizam duas vezes por semana, são benéficas para os utentes, nomeadamente na diminuição dos níveis de ansiedade, depressão e solidão, o aumento da motivação e a promoção da vida social. Carolina Martins, a psicóloga, considera esta interação com os animais é importante para a reabilitação destas pessoas com problemas de saúde mental. "Há utentes que são quase fixos, vêm constantemente porque criaram um vínculo muito forte com os animais."

Segundo a autarquia de Olhão, também os animais recolhidos no canil saem a ganhar, uma vez que passeiam e desenvolvem a sua socialização, enquanto esperam pela adoção. "É fantástico perceber que os animais também fazem parte da alegria destas pessoas", sublinha Ricardo Calé.

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