"Meteorologia não explica" fim de semana com dez mortes nas estradas

Pouca pressão sobre os condutores, pouca comunicação, a fiscalização menos eficaz e estradas degradadas são causas apontadas pela Prevenção Rodoviária.

O presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) entende que as condições meteorológicas não podem ser desculpa para os acidentes que, neste fim de semana, fizeram mais de dez mortos e deixaram 24 pessoas em estado grave, resultados de mais de mil acidentes.

"A situação que temos vivido nos últimos anos tem sido muito, muito negativa. Tem vindo a derrapar e, nos dois últimos anos, o número de vítimas mortais piorou, o número de acidentes e feridos não tem vindo a melhorar desde 2012, antes pelo contrário", lamenta José Manuel Trigoso.

A PSP diz que a maior parte dos acidentes se deveu a excesso de velocidade dos condutores, que não terão tido em conta as condições adversas das estradas em que circulavam. José Miguel Trigoso não concorda.

"A meteorologia não explica nada, porque os comportamentos devem estar de acordo com as condições meteorológicas. Quanto ao excesso de velocidade, enquanto não houver uma repressão social face à prática de velocidades completamente inadequadas aos locais onde se praticam, continuamos na mesma", alerta o presidente da PRP.

A repressão de que José Manuel Trigoso fala, explica o próprio, "tem de resultar da formação, da comunicação dos casos e da eficácia do controlo e da repressão". Até lá, "continuamos a queixar-nos".

Afastada a justificação meteorológica, o líder da PRP aponta várias falhas ao sistema. A pressão sobre os condutores "é fraca", a comunicação é "pouca", a fiscalização tem sido "mais eficaz" mas já o foi muito mais, as redes rodoviárias tem vindo a "degradar-se pouco a pouco" e, por isso, "as consequências são estas".

Um cocktail molotov

José Manuel Trigoso lembra, no entanto, a existência de um problema ainda maior e do qual pensa falar-se pouco: o da utilização do telemóvel. "Sistematicamente põe as pessoas a pensar noutras coisas que não na condução."

Há "desvio do olhar para ler e enviar mensagens. Isso, com a velocidade excessiva, é um cocktail molotov absolutamente explosivo", alerta. Trigoso pede "ações muito bem estudadas dirigidas à redução deste tipo de prática".

De acordo com os balanços diários disponibilizados no 'site' da GNR, entre sexta-feira e o final do dia de domingo ocorreram mais de 1.000 acidentes rodoviários em território nacional, que provocaram 10 mortos, 24 feridos graves e 341 feridos leves.

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