Misericórdias pedem explicações à DGS sobre lares ainda sem vacinação

O presidente da União das Misericórdias, Manuel Lemos, refere que fechar os lares, nesta altura, é "um passo prematuro", mas diz que não foi apanhado de surpresa com o regresso dos surtos de Covid-19 aos lares.

O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, quer que a Direção-Geral de Saúde (DGS) dê uma explicação em relação aos lares onde os idosos não foram vacinados.

"O que nós pedimos à DGS é que esclareça bem as questões para não haver silêncios e confusão. É necessário acalmar as populações não vacinadas que, neste caso, são frágeis. É preciso dar uma explicação concreta em relação aos lares que não foram vacinados e não deixar isso ao arbítrio das autoridades locais", disse o presidente da UMP em declarações à Lusa.

Referindo que permanecem cerca de oito mil pessoas por vacinar nos lares, Manuel Lemos asseverou que a DGS precisa também de "sensibilizar os profissionais que trabalham com idosos e que não querem ser vacinados, explicando-lhes que desse direito e liberdade podem resultar consequências gravíssimas, incluindo a morte".

No conjunto dos lares da UMP, o presidente assegurou que apenas está ativo um surto no lar de idosos da Torre Natal, em Faro.

Deste surto resultou na morte de uma idosa com 92 anos internada no Hospital de Faro (HDF), no sábado.

Entre as pessoas que ficaram doentes na instituição, incluem-se quatro funcionárias que recusaram ser vacinadas.

Manuel Lemos disse não acreditar que esteja para vir uma nova onda de surtos nos lares, mas que é necessário "manter os mesmos cuidados, sabendo que isso custa dinheiro e que as verbas precisam de ser reforçadas por parte do Governo".

Questionado sobre a necessidade de um confinamento dos lares, o presidente da UMP afirmou que não se devem proibir as visitas aos idosos porque "não há motivo para isso".

"Os idosos têm sofrido tanto... Precisam de ver a família, os amigos, a luz. Isso é que lhes faz bem. Mas claro que cada caso é um caso e cada concelho é um concelho...", acrescentou.

"Fechar os lares, nesta fase, é um passo prematuro"

Em declarações à TSF, Manuel Lemos afasta a ideia de uma nova limitação às visitas nos lares.

"Nos lares, dada a natureza dos equipamentos e as circunstâncias dos seus utentes serem pessoas particularmente frágeis, continuamos a ter mais proteção do que um indivíduo mais ativo que não vive neste ambiente, mas daí a fechar os lares, acho que vai um passo muito grande que nesta fase me parece completamente prematuro dar", explica.

O presidente da União das Misericórdias pede que não haja pânico, porque os idosos já sofreram muito neste último ano e meio. Manuel Lemos admite que não foi apanhado de surpresa com o regresso dos surtos de Covid-19 aos lares.

"Tinha sido avisado por toda a gente que a vacina não evitava novas infeções, portanto era uma questão de tempo até haver reinfeções. Estão a acontecer, estamos a segui-las com atenção e com preocupação", garante.

Manuel Lemos refere também que tem vindo "a chamar à atenção do Governo para a necessidade de vacinar as pessoas que ainda não estão vacinadas nos lares".

Manuel Lemos revela que há entre oito e nove mil pessoas nos lares, entre funcionários e utentes, que ainda não estão vacinados, muito à custa da informação errada sobre os efeitos das vacinas.

O presidente da União das Misericórdias gostava que todos estivessem vacinados, mas como as vacinas não são obrigatórias, há "um problema jurídico, que é compatibilizar esta questão dos direitos, liberdades e garantias das pessoas que lhes permite dizer 'eu não quero ser vacinado', com a circunstância de trabalharem em locais onde o não ser vacinado pode ter um efeito colateral extremamente danoso para terceiros", diz.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou esta terça-feira à Lusa a existência de seis surtos ativos de Covid-19 em lares portugueses.

Estes surtos correspondem a 54 casos de Covid-19, parte deles já recuperados, acrescentou a mesma fonte da DGS.

Também hoje a ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou que não há necessidade de voltar a limitar as visitas a lares de idosos, advogando que as pessoas vacinadas contagiadas com o coronavírus desenvolvem "uma doença muito mais moderada".

A pandemia de Covid-19 provocou 17.074 mortes em Portugal, resultantes de 866.826 casos de infeção, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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