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Mesmo depois do estado de emergência, a mortalidade em Portugal continuou acima do esperado e a Covid-19 está longe de explicar tudo. A conclusão é de um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa.
Nas primeiras seis semanas do desconfinamento, de 3 de maio a 13 de junho, Portugal contou perto de 11 mil mortos, mais 807 (8%) que o esperado para a época com base naquilo que aconteceu nos seis anos anteriores.
Só na última das seis semanas analisadas é que os óbitos desceram para o valor que seria de esperar para esta época do ano.
Desta mortalidade extra de 807 pessoas, 41% ou 333 casos não estão relacionados com a Covid-19, naquilo a que os especialistas chamam mortes "colaterais" à pandemia durante o desconfinamento.
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Segundo o estudo, "a hipótese de que um grande número destes óbitos possa ter sido causado pela Covid-19", doença que não terá sido diagnosticada, "é pouco provável" - "Em Portugal, e durante este período, vigorou uma política de testagem muito ampla, incluindo testes a pessoas que morreram em casa e a aceitação de um diagnóstico clínico de Covid-19 relativamente abrangente, mesmo sem confirmação laboratorial".
Esta mortalidade extra pode estar relacionada com doenças crónicas graves com diagnósticos e tratamentos adiados por causa das medidas de contenção para travar a pandemia. Um adiamento decidido pelos serviços de saúde ou pelos próprios pacientes com receio de contrair a doença numa deslocação a um desses serviços.
As hipóteses anteriores são as mais fortes levantadas pelos quatro investigadores da Escola Nacional de Saúde Pública que assinam o estudo.
O trabalho conclui, no entanto, que os dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde sobre as causas de morte não permitem fazer análises mais detalhadas.

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