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No último mês de junho, um menino de dois anos morreu afogado num tanque transformado em piscina na casa da família, em Elvas. É apenas um dos casos mais recentes relatados na imprensa.
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Entre 2002 e 2020 registaram-se 274 afogamentos com desfecho fatal para crianças e jovens. E se, ao longo dos 20 anos de campanhas da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), os números de mortes de menores por afogamento vinham a diminuir, nos dois últimos anos aumentaram e muito.
Entre 2016 e 2019 não foram registados mais do que três casos fatais por ano. Mas, no ano passado, a APSI teve conhecimento de 28 casos de afogamento, nove deles fatais. E 2020 foi um ano ainda pior: 14 crianças morreram afogadas.
Como se pode explicar este aumento? A presidente da APSI acredita que as restrições colocadas no acesso às praias durante a pandemia levaram muita gente a colocar piscinas em casa, contexto onde se verificam mais mortes de menores.
Ouça a reportagem da TSF.
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"Já tínhamos alertado naquele ano para este risco", lembra Sandra Nascimento. "Houve uma grande procura de zonas com piscina, por casas para arrendamento ou de férias com piscinas e, nas grandes superfícies, também houve maior procura por piscinas grandes, que são montadas pelas próprias famílias", afirma.
"Acreditamos que poderá ter aumentado a exposição a um maior risco de afogamento", adianta. De acordo com os dados da APSI, as crianças até aos quatro anos são as que mais se afogam em piscinas.
Este ano a Guarda Nacional Republicana (GNR) envolveu-se pela primeira vez na campanha levada a cabo pela associação e, num comunicado conjunto, as duas entidades salientam que, apesar de este ser um acidente que pode acontecer em qualquer altura do ano, é sobretudo nos meses de verão que as famílias aproveitam os locais com água por perto, como praias, rios, barragens, piscinas ou tanques, para momentos de lazer. E onde os acidentes acontecem.
Ouça aqui a mensagem de alerta da GNR e da APSI
O major Ricardo Silva, da GNR, explica que não é preciso muito para que uma criança de tenra idade se afogue: "Para uma criança até um ano de idade basta haver quatro dedos de água e um descuido", alerta.
A GNR vai andar pelo país a dar conselhos e a distribuir folhetos a apelar à prevenção. "Com o nosso alcance territorial e o nosso conhecimento de proximidade vamos fazer chegar esta mensagem", afirma.
A campanha "A Morte por Afogamento é Rápida e Silenciosa" apela aos pais para ensinarem as crianças a nadar o mais cedo possível. Mas essa medida apenas, na opinião da APSI, não basta.
"É muito importante, mas as pessoas acreditam que basta ensinar a nadar, ou a tomar conta [das crianças], usar braçadeiras ou vedar uma piscina", afirma. "Na verdade, a solução passa por ter todas estas medidas ao mesmo tempo", adverte Sandra Nascimento.
A campanha prolonga-se até 15 de setembro.