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Um eventual impacto dos períodos de confinamento, mas sobretudo uma sociedade mais consciente do crime de violação, são razões apontadas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) para o crescimento do número de casos.
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"O crime de violação pode acontecer em qualquer contexto, portanto, é possível que tenhamos situações a acontecer dentro da família e inclusivamente dentro do contexto familiar", afirma Carla Ferreira, da APAV, que não exclui a hipótese dos confinamentos impostos pela pandemia terem contribuído para um aumento dos casos.
"Não nos podemos esquecer que não estamos a falar de um crime que acontece apenas quando saímos à noite", acrescenta.
Carla Rodrigues admite uma ligação entre o aumento de casos e o período de confinamento.
Mas mais do que isso, Carla Ferreira acredita que o aumento do número de casos reportado no Relatório de Segurança Interna (mais 26% do que em 2020) está ligado ao facto de a sociedade estar mais desperta e denunciar mais este tipo de crime. "Aquilo que nós temos é a perceção clara de uma sociedade que vai estando mais consciente daquilo que é o fenómeno e mais capacitada para identificar e reportar estas situações e pedir ajuda, naturalmente", revela a técnica.
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Em 2021, chegaram à Associação de Apoio à Vítima 176 pedidos de ajuda relativos a violação (mais 32 do que em 2020), 137 contra adultos e 39 contra menores. Carla Ferreira sublinha que "a violação pode ser praticada contra maiores ou menores, em diferentes contextos" e assinala a importância de continuar a apostar na sensibilização da sociedade.
Número de casos estará ligado a uma sociedade mais consciente e denunciante.
"É importante que as pessoas saibam concretamente o que é que configura um crime de violação, que saibam, por exemplo, que o crime de violação também existe, mesmo que os atos tenham sido de forma tentada. E simultaneamente também temos aqui canais de comunicação abertos para que as pessoas possam pedir ajuda e denunciar as situações."
Para Carla Ferreira é urgente que a sociedade tenha "pessoas mais atentas, mais intolerantes, mais ativas contra estes fenómenos violentos".