Cruz Vermelha Portuguesa já fez mais de cem mil testes à Covid-19, 26 mil destes só em Lisboa. É na Avenida Rainha Dona Amélia que tudo acontece por estes dias.
A poucos dias do Natal, a procura por testes rápidos para detetar a infeção pelo coronavírus tem aumentado e, em Lisboa, a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) tem procurado dar-lhe resposta. À TSF, o presidente da CVP, Francisco George, garante que quem faz os testes não corre o risco "de ter uma falsa sensação de segurança".
Quem quiser ser testado e não tiver uma prescrição de teste por parte do Serviço Nacional de Saúde tem, obrigatoriamente, de fazer a marcação na Internet do seu teste - em testescovidcvp.pt - ou por telefone. Conhecidas a data e hora do procedimento, cada utente dirige-se à Avenida Rainha Dona Amélia. Depois de alguns minutos na fila e de uma triagem feita por elementos da Cruz Vermelha para confirmar a marcação prévia, os testes acontecem numa das quatro tendas montadas no local.
No recinto da CVP estão também montadas duas outras tendas para quem queira fazer o teste à Covid-19 sem sair do carro. Depois, seja para quem faz o teste "a pé" ou sobre rodas, resta esperar: o resultado chegará por SMS.
"Não há risco de ter uma falsa sensação de segurança"
A reportagem da TSF ouviu, no local, o presidente da CVP, Francisco George, que rejeita desde logo qualquer "falsa sensação de segurança" dada a quem procure fazer estes testes antes das festividades natalícias.
"A sensibilidade e a especificidade são muito altas nos testes antigénio", assegura o médico, que assinala que estes "não são quaisquer testes antigénio e não é qualquer pessoa" que o faz. Os testes são feitos por "enfermeiros especialmente treinados" e os utilizadores são "quem tem prescrição médica através do Serviço Nacional de Saúde" ou quem se inscreveu nos canais próprios.
No local, os testes são feitos "de cinco em cinco minutos em seis linhas de produção". Depois, e ao fim de "muito pouco tempo e de forma absolutamente anónima", cada utilizador recebe os resultados, que são também comunicados à Direção-Geral da Saúde, motivo pelo qual "os testes não podem ser feitos por autoiniciativa".
O passo seguinte depende de um de dois resultados possíveis: positivo ou negativo. Se o resultado do teste for positivo, "é porque há seguramente infeção" e fica imediatamente indicado o isolamento e acompanhamento médico do doente. Já no caso de um teste negativo, "a probabilidade de não ter infeção é imensa".
Mais: quem testa negativo "não pode transmitir a infeção, mesmo que esteja num processo de desenvolvimento da infeção pelo coronavírus. Ele não é transmissível".
E quem não tem sintomas também deve fazer o teste? "Podem vir", garante Francisco George. A sensibilidade do teste de antigénio é "muito grande, superior a 95%", pelo que "não há risco de ter uma falsa sensação de segurança".
Este tipo de teste "é muito eficaz" dez dias depois do contacto, ou seja, "nos cinco dias sem sintomas e também na fase sintomática". E o grau de confiança destes testes explica a procura antes do Natal: "Quem for positivo afasta-se do ambiente de Natal, que for negativo pode, com grande segurança, participar nas festas."
Apesar da segurança dos testes e dos resultados obtidos, o presidente da CVP alerta para o que diz ser "um fenómeno tipo funil": a procura dos testes "é muito vasta" e a capacidade instalada "é muito pouca".
"Por isto, não se trata de um processo acessível em termos universais, diria até que não é totalmente democrático, as capacidades de fazer o teste são limitadas", reconhece Francisco George.
Nova variante? "É preciso estar atento"
Com a recente identificação de uma nova variante do coronavírus no Reino Unido, que já se revelou mais transmissível e levou vários países a fechar as portas a quem viaje a partir do território britânico, Francisco George reconhece a necessidade de explicar à população o que está em causa.
"É preciso estar atento, há uma preocupação e um problema que surgiu no sudeste de Inglaterra", nota, sublinhando também a identificação de casos de infeção pela nova variante em países como a Austrália, Dinamarca, Holanda ou Bélgica. Agora, defende, é preciso perceber "como surgiu essa variante e quais são os riscos", de modo a explicar os melhores comportamentos a tomar para garantir a "tranquilidade" das pessoas.
Mais de 100 mil testes desde 5 de outubro em todo o país
A Cruz Vermelha Portuguesa já realizou 100.579 testes à Covid-19 em todo o país desde dia 5 de outubro, que se dividem entre 58.198 testes rápidos e 42.381 testes convencionais (PCR).
A taxa de positividade dos testes rápidos é de 5,5% (3225 positivos) e de 4,8% (2032) nos testes convencionais.
No caso específico de Lisboa foram realizados 26.261 testes à Covid-19. O teste rápido permite conhecer os resultados em cerca de 15 minutos e tem um custo de 20 euros. Os resultados dos testes convencionais (PCR), que custam 60 euros, só são conhecidos ao fim de 24 horas.