"Não queria acreditar." Ex-autarca foi dos primeiros a chegar à ponte destruída de Entre-os-Rios

Com mais de 30 corpos que nunca foram resgatados, o antigo autarca lamenta que para muitos dos familiares o luto ainda esteja por fazer.

Paulo Teixeira, que era na altura o presidente da Câmara de Castelo de Paiva, foi um dos primeiros a chegar ao local e recorda os longos meses de trabalho que se seguiram para retirar os carros do rio, o autocarro e as operações de busca pelas vítimas. Mas também o que lhe disseram, com um ar muito espantado, os mergulhadores franceses que vieram ajudar e souberam da velocidade do rio naquela zona.

Com mais de 30 corpos que nunca foram resgatados, o antigo autarca lamenta que para muitos dos familiares o luto ainda esteja por fazer.

"O luto, num povo católico como o nosso, é feito com o funeral e o que é certo é que, das 59 vítimas, só apareceram 23. Depois a operação de resgate do autocarro, a tentativa falhada à primeira e termos de esperar mais uns dias. A ansiedade do próprio Governo da altura, que queria dar por concluídas as operações. O último corpo aparece a 23 de maio e o último carro é retirado em junho. Por isso, as condições do rio estavam realmente muito adversas'", recordou à TSF Paulo Teixeira.

São memórias que não se apagam. Tal como as que ainda guarda dos primeiros minutos em que chegou ao local, há 20 anos.

"Chego aqui, a uns poucos metros antes da ponte. Ouve-se muitos gritos, de pessoas que estavam aqui na ânsia de saber onde estavam os familiares. Entro na ponte, com muita chuva e muito escuro, e há uma senhora que me diz: 'senhor presidente, não avance mais que não há mais ponte daqui para a frente. Eu não queria acreditar. Dei mais uns passos e começo a ouvir um barulho muito grande de água a circular já próximo do sítio onde eu estava, a uma velocidade louca", acrescentou o antigo presidente da Câmara de Castelo de Paiva.

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