Navio Mondego falha missão na Madeira por problemas técnicos

O presidente da Associação Nacional de Sargentos confirmou à TSF o que se passou.

O navio da Marinha portuguesa Mondego, envolvido numa polémica por 13 militares terem recusado cumprir uma missão, teve de abortar uma missão nas Ilhas Selvagens, na Madeira, por motivos de "ordem técnica", uma notícia avançada pela RTP e confirmada pela TSF.

O presidente da Associação Nacional de Sargentos, Lima Coelho, confirmou à TSF o que se passou e defendeu que os militares que se recusaram a embarcar no Mondego, alegando falta de condições de segurança, mereciam um pedido de desculpas.

"Aqueles profissionais, profundos conhecedores do meio que tinham nas mãos, não iam tomar aquelas posições levianamente, só por birra ou porque lhes apetecia, de forma alguma. Foi uma atitude de coragem, grande consciência até dos riscos inerentes à posição que tomaram, mas de grande dignidade também. A dignidade não é crime e estes homens foram maltratados por inúmeras pessoas, incluindo comentadores em órgãos de comunicação social, que espero bem que, se tiverem alguma ética, venham retratar-se. Estes homens não mereceram muito daquilo que lhes fizeram", defendeu à TSF Lima Coelho.

A estação pública adianta ainda que a Marinha está reunida para analisar a avaria. Segundo o Comando da Marinha da Zona Marítima da Madeira, em comunicado, o navio "será objeto, ainda hoje, de uma inspeção técnica por parte de peritos da direção de Navios, que se deslocarão à ilha da Madeira".

Segundo a mesma autoridade, a rendição dos elementos destacados nas Ilhas Selvagens será assegurada hoje pelo navio Setúbal.

Lima Coelho não está surpreendido com as notícias sobre estes problemas na Marinha e lembrou que há um grande desinvestimento nas Forças Armadas.

"Isto não pode ser visto como um caso isolado, não é exclusivo da Marinha, do Exército ou da Força Aérea. Os meios navais têm um desgaste muito grande pelo tipo de missão que desempenham, pelo meio em que operam e carecem de um continuado apoio e assistência. Infelizmente um dos fatores preocupantes foi a quase destruição do arsenal do Alfeite e hoje está praticamente inoperante. Uma das joias da nossa coroa na formação de excelentes profissionais há muitos anos. Tudo isto faz parte de um processo de desinvestimento que aconteceu nos anos 90", acrescentou o presidente da Associação Nacional de Sargentos.

No passado dia 11 de março, o NRP Mondego falhou uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, no arquipélago da Madeira, após 13 militares terem recusado embarcar, alegando razões de segurança.

A Marinha participou o sucedido à Polícia Judiciária Militar (PJM), em Lisboa, no âmbito de inquérito criminal, tendo também instaurado processos disciplinares.

Segundo a defesa dos militares, o Ministério Público suspendeu na segunda-feira a audição agendada por decisão da procuradora para analisar o processo com mais detalhe.

Em causa estarão infrações ao código da Justiça Militar por "insubordinação por desobediência" e "insubordinação por prisão ilegal ou rigor ilegítimo".

O chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo, criticou, em declarações feitas no porto do Funchal, os militares do navio Mondego que desobedeceram às ordens, dizendo que o caso é de "uma gravidade muito grande" e que a "Marinha não pode esquecer, ignorar ou perdoar atos de indisciplina".

Entre as várias limitações técnicas invocadas pelos militares para se recusarem a embarcar constava o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais, entre outras alegadas deficiências do navio.

A Marinha confirmou que o navio Mondego estava com "uma avaria num dos motores", mas referiu que os navios de guerra "podem operar em modo bastante degradado sem impacto na segurança", uma vez que têm "sistemas muito complexos e muito redundantes".

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