- Comentar
Os diretores das escolas públicas pedem ao Ministério da Educação um maior controlo das notas internas dos colégios privados que estão sem controlo. A situação foi noticiada pelo Expresso e confirmada pelo diretor-geral das estatísticas da Educação, Nuno Rodrigues.
Relacionados
Nas escolas de Vila Pouca de Aguiar quase não há absentismo e abandono
Ministro da Educação critica rankings que apenas ordenam escolas por notas
Insucesso continua a diminuir e 12.º ano mantém-se como o mais difícil
Como nos últimos dois anos os exames nacionais deixaram de contar para a nota final dos estudantes - uma medida tomada como resposta à pandemia -, os colégios privados deixaram de comunicar as notas dos alunos a cada disciplina. A fiscalização é, assim, mais difícil e abre portas a uma eventual inflação das notas.
Reagindo à notícia, o presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, afirmou que em causa está a equidade entre os estudantes.
"Esta situação, a comprovar-se, agrava mais e traz mais prejuízo para os alunos que estão na escola pública e que queiram, de facto, aceder ao Ensino Superior. Sabemos (...) que em alguns colégios as notas, de facto, são inflacionadas", disse o responsável em declarações à TSF, lembrando que isso já aconteceu no passado.
O presidente da ANDAEP defende, por isso, um "maior controlo" quer nas escolas privadas quer nas públicas onde isso se justifique em relação à avaliação interna dos nossos alunos. "Sob pena de estarmos a violar o princípio da equidade", alertou.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Filinto Lima fala de uma situação que pode pôr em causa o princípio da equidade
Para Filinto Lima, o ministério tutelado por João Costa deve tomar medidas de âmbito pedagógico para solucionar o problema.
"É importante que as equipas da Inspeção-Geral da Educação se desloquem às escolas que estão já referenciadas e perceber, de facto, se os critérios de avaliação estão a ser bem aplicados", defende, acreditando que, dessa forma, a maior parte das situações vão ser corrigidas.
"É importante que as equipas da Inspeção-Geral da Educação se desloquem às escolas"
"Não preparamos os alunos para os penáltis"
Sobre o ranking das escolas deste ano, divulgado esta sexta-feira, os diretores escolares, mas também os pais, reforçaram as críticas habituais, questionando a sua utilidade e relevância, uma vez que limitam a avaliação dos estabelecimentos ao desempenho dos alunos nas provas finais, ignorando vários outros fatores.
"Nós não preparamos os alunos para os penáltis, preparamos os alunos para terem sucesso no Ensino Superior e na vida", sublinhou Filinto Lima.
No entender do responsável, as melhores escolas não são necessariamente aquelas cujos alunos se saíram melhor durante a hora e meia do exame final, e fazer essa avaliação é "perverter tudo e tirar a verdadeira essência de uma escola".
"Se querem fazer um verdadeiro 'ranking', tenham em consideração quais são as escolas que melhor preparam os alunos para terem sucesso no ensino superior e o valor acrescentado por cada escola a esse aluno durante o seu percurso escolar", referiu, aconselhando os estabelecimentos de ensino a relativizar o resultado dos 'rankings'.
Lamentando que se insista neste tipo de avaliação dos estabelecimentos de ensino, Filinto Lima não vê qualquer utilidade nas listagens construídas pela comunicação social, pelo menos no seu modelo atual.