O frio toca a todos e obriga a cuidados redobrados. Conheça os perigos

Médico ouvido pela TSF assinala que a hipotermia pode causar lesões em vários órgãos, incluindo o cérebro, e alerta para o perigo do fraco isolamento térmico das casas portuguesas.

Numa época que é tipicamente fria, e com Portugal continental a registar temperaturas mínimas abaixo dos 10 ºC, o frio volta a ser uma preocupação, em especial para a saúde das crianças e dos mais velhos. Mas o cuidado deve ser de todos.

O aviso é do médico de Medicina Interna Armindo Sousa Ribeiro, que assinala que também as pessoas acamadas, os alcoólicos e quem tem tumores devem ter especial atenção às baixas temperaturas.

Um dos perigos é a entrada em hipotermia, ou seja, quando o corpo perde mais calor do que consegue produzir, iniciando um processo de adaptação.

"Provoca frequências cardíacas mais baixas, tremores e pele fria" e a cabeça também começa a sofrer, já que as vítimas "começam a ficar desorientadas, sem capacidade de raciocínio e com uma fala mais arrastada e lentificada".

Em casos mais extremos, as sequelas incluem pele que "pode ficar queimada" e, se a vítima não for socorrida a tempo, os casos de hipotermia grave "podem ficar inconscientes, com lesões de órgãos e lesões cerebrais".

Para prevenir complicações e combater o frio, as prioridades são manter o corpo agasalhado e, de preferência, garantir que a casa está quente, algo que em Portugal nem sempre é fácil.

"Há fraco isolamento das casas" que contribui para vários casos de hipotermia, nota Armindo Sousa Ribeiro, e os mais idosos "têm a cultura de fazer pequenas lareiras por baixo das mesas e nos seus quartos para se aquecerem". Daí pode nascer outro problema, já que a instalação elétrica das casas "poderá não ter condições ideais para aguentarem com aquecedores durante muito tempo".

Há um ano, um inquérito feito pelo Portal da Construção Sustentável mostrava que 15% dos inquiridos têm alguém em casa com problemas de saúde que decorrem da falta de condições térmicas e que 88% dos portugueses não se sentem confortáveis dentro de casa.

Por outro lado, o frio nem sempre é mau e chega a ser utilizado para curar, como é o caso da hipotermia terapêutica, utilizada "em pessoas que estejam em paragem cardiorrespiratória para proteger o cérebro".

A este junta-se um exemplo clássico da utilização terapêutica do frio: "Quando uma pessoa faz um hematoma, também usa o gelo."

Os conselhos da DGS

Esta semana, a Direção-Geral de Saúde (DGS) divulgou recomendações para a população se proteger dos efeitos negativos do frio na saúde, como utilizar várias camadas de roupa e ingerir sopas ou bebidas quentes.

A autoridade da saúde alerta para a necessidade de prestar atenção aos grupos mais vulneráveis, nomeadamente crianças nos primeiros anos de vida, doentes crónicos, pessoas idosas ou em condição de maior isolamento, trabalhadores que exerçam atividade no exterior e pessoas sem-abrigo.

Para evitar os efeitos negativos do frio na saúde, a DGS recomenda à população que evite "a exposição prolongada ao frio e mudanças bruscas de temperatura", para "manter o corpo quente, utilizando várias camadas de roupa", proteger as extremidades do corpo com luvas, gorro, cachecol, meias e calçado quente e antiderrapante, e manter a hidratação, ingerindo sopas e bebidas quentes e evitar o álcool, que proporciona "uma falsa sensação de calor".

Acautelar a prática de atividades no exterior, seguir as recomendações do médico assistente, garantindo a toma adequada de medicação para doenças crónicas, e adotar uma condução defensiva, uma vez que poderão existir locais na estrada com acumulação de gelo, são outros conselhos da DGS.

Relativamente aos cuidados a ter no interior, a Direção-Geral da Saúde aconselha a verificar o estado de funcionamento dos equipamentos de aquecimento, manter a casa quente e, no caso de utilização de braseiras ou lareiras, garantir uma adequada ventilação das habitações, renovando o ar.

Realça ainda que é preciso "ter especial atenção aos aquecimentos com combustão", como braseiras e lareiras, que podem causar intoxicação devido à acumulação de monóxido de carbono e levar à morte, bem como evitar o uso de dispositivos de aquecimento durante o sono, desligando sempre quaisquer aparelhos antes de deitar.

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