Durante nove dias, de 10 a 19 de janeiro, decide-se quem sucede a Miguel Guimarães.
Com Miguel Guimarães a terminar o segundo mandato na liderança da Ordem dos Médicos (OM), é tempo de escolher o sucessor. A partir desta terça-feira, e durante nove dias, Alexandre Valentim Lourenço, Bruno Maia, Carlos Cortes, Fausto Pinto, Jaime Branco e Rui Nunes são os nomes a votos.
Os testemunhos dos seis candidatos, todos entrevistados pela TSF, podem ser recordados na lista abaixo.
Alexandre Valentim Lourenço: a urgência de mudar a saúde
Alexandre Valentim Lourenço, médico obstetra, é o presidente da secção regional Sul da OM. Defende a valorização da carreira, mas não vê falta de médicos no país.
Quer maior qualidade em mais serviços de saúde, dispersos, mas só se for possível garantir meios - caso contrário, prefere a concentração de serviços, evitando a dispersão de recursos.
Bruno Maia: a "pedrada no charco"
O neurologista Bruno Maia, natural do Porto, quer uma OM "verdadeiramente empenhada na defesa do Serviço Nacional de Saúde público, universal, de qualidade" e sem problemas em conversar com outras ordens e sindicatos do setor.
Defensor de que a carreira médica precisa de ser valorizada, quer que seja criado um caminho especial para os jovens e não entende a necessidade de um CEO para o SNS.
Carlos Cortes: uma Ordem construtiva, uma classe desmotivada
Carlos Cortes, médico patologista, nasceu em Lisboa, mas é em Coimbra que está. O presidente da secção regional do Centro da OM vê uma classe desmotivada pela falta de capacidade de alguns serviços.
Defende uma ordem construtiva e que ajude a encontra soluções para o SNS, ocupando ainda um posto de "provedor do utente, promotor da saúde e defensor dos médicos".
Fausto Pinto: Ordem com "voz forte e independente"
Com 40 anos dedicados à carreira médica, Fausto Pinto defende uma OM com "voz forte e independente" e uma "cabeça" bem definida.
Não vê que existam médicos a menos no país, mas defende que as necessidades futuras do país devem ser planificadas de forma adequada. Nesse campo, e porque as escolas formam médicos que o SNS não consegue acolher, assinala que, aliado a uma melhoria das condições de trabalho, esse planeamento é uma solução para resolver a fragilidade do serviço público de saúde.
Jaime Branco: uma OM mais independente
Jaime Branco é reumatologista e já dirigiu a Nova Medical School. Quer uma OM mais independente, vê nas condições de trabalho o segredo para que o privado atraia tantos médicos e garante que, mesmo que quisessem, as escolas não têm capacidade física para formar mais.
Rui Nunes: os médicos "não querem ser ricos"
Rui Nunes, professor universitário e antigo presidente da Entidade Reguladora da Saúde, lamenta que a medicina esteja a "bater no fundo". Diz ser notório, nas visitas que faz a hospitais e centros de saúde, o descontentamento que assola a classe, em especial o dos mais jovens médicos do SNS, que garantem não querer ser ricos.
O sistema, defende, está a caminhar para uma centralização, quando devia estar a descentralizar-se. Também defende que não há falta de médicos. Falta, sim, a melhoria salarial e revisão das carreiras. Ainda assim, com ele, a OM não deve ter um papel sindical.