Oficinas de inclusão digital para maiores de 55 em Paredes de Coura, Guimarães e Braga

Fazer com que os maiores de 55 tirem partido da internet no telemóvel, principalmente para benefício da sua saúde física e mental, é uma das linhas de ação do OITO (Oficinas de Inclusão Tecnológica Online) da Escola de Medicina da Universidade do Minho (UMinho).

O projeto de inclusão digital foi iniciado no último mês, a título experimental em Paredes de Coura, e vai avançar em julho com mais turmas naquele município, em Guimarães e Braga.

"Já dominava qualquer coisa, o WhatsApp, Facebook, Messenger, mas agora aprofundei muito mais. Não usava mandar emails, nem fazia fotografias. Adquiri novos conhecimentos. Foi muito útil o que aqui conseguimos captar para a nossa vida", disse Maria dos Prazeres Nogueira de 73 anos, enfermeira na reforma e uma das formandas das primeiras turmas do OITO.

O projeto-piloto em Paredes de Coura incluiu 18 maiores de 55 e terminou na semana passada. A ação contemplou oito sessões e, assim como Prazeres, as colegas (e amigas) Filomena, Carminda e Alice, senhoras dos 66 aos 76 anos, que fizeram parte do mesmo grupo, agora já dominam a internet no telemóvel.

"O telemóvel não é muito a minha praia, não gostava, mas aprendi e agora quando preciso já trabalho nele", comentou Carminda Lima de 66 anos, antiga funcionária administrativa na escola, onde a colega Filomena Ribeiro de 70, que está sentada a seu lado, deu aulas. "Tive muitas formações ao longo da minha vida profissional, mas esta para mim, para terminar o resto da minha vida, foi espetacular. Vou para casa maravilhada", comentou a ex-docente, explicando que antes "usava o telemóvel para o básico, telefonar e mandar mensagens, mas com alguma dificuldade porque não dominava muito bem". "A minha neta ensinava-me, mas é muito rápida e não vejo nada. Nesta ação de formação aprendi. Estou muito grata. Foi tudo muito fixe e giro", aplaudiu.

Alice Cunha de, 76 anos, assistente operacional na reforma, também dá nota positiva ao OITO: "Já tinha um bocadinho de relação com o telemóvel, mas agora aprendi mais alguma coisinha. Já tenho Facebook, faço emails, envio para as minhas filhas, e falo por Skype, com a minha mais nova que está em África. Estou contente e tenho pena não ser mais tempo".

As primeiras turmas em Coura aprenderam algumas configurações do smartphone, enviar um e-mail, usar o WhatsApp, o YouTube, o Google Fit e a pesquisar na internet. A iniciativa teve o apoio do projeto local 'Couração' e do Centro de Medicina Digital P5 da UMinho.

Com dez anos de experiência como investigadora na área da inclusão digital [foi tema do seu doutoramento] no Brasil, a formadora Anna Quialheiro afirma que "as dificuldades no digital" são transversais a toda a população na faixa etária acima dos 55. "Já fiz um workshop único com pessoas até com doutoramento e que com a vergonha porque a família já usa as tecnologias, os netos utilizam com muita facilidade, preferiam nem tentar. Acredito que o OITO quebra essa barreira, tira o medo e empodera", disse.

O projeto inclui a apresentação do GIRO, um livro, com plataforma digital gratuita a página no Facebook (também da autoria de investigadores da UMinho), com sugestões de atividades como exercício físico e de memória, desafios para o cérebro e guias de observação (como visitas virtuais a museus). A publicação já foi distribuída por 300 seniores em Guimarães.

O OITO seguirá agora a sua missão de inclusão digital junto de mais pessoas.

"Aqui em Paredes de Coura tivemos 18 participantes, divididos em três turmas, por causa das regras da DGS. Já temos mais três turmas formadas aqui para iniciar em julho. Depois vamos para Guimarães e Braga. São as três regiões a que teremos alcance em 2021", adiantou a investigadora Anna Quialheiro.

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