Os golfinhos estão de regresso ao Tejo. Observatório quer saber porquê

Observatório Golfinhos no Tejo quer perceber porque estes mamíferos escolhem vir até ao rio Tejo.

Depois de anos de ausência, devido à poluição, os golfinhos voltaram ao rio Tejo e têm sido uma das atrações dos turistas que visitam Lisboa. E é de frente para o Tejo, no Centro de Controlo e Tráfego Marítimo de Lisboa, e de braços abertos para a foz do rio que desagua na capital portuguesa, que o Observatório Golfinhos no Tejo tem o quartel-general montado para observar os golfinhos que escolhem agora o rio para viver.

O projeto é uma iniciativa da Associação Natureza Portugal e World Wide Fund For Nature e pretende compreender melhor o porquê de estes simpáticos cetáceos escolherem vir até ao Tejo. Rita Sá, coordenadora do Programa de Oceanos e Pescas da Associação Natureza Portugal sublinha que "temos tido alterações nas condições ambientais do estuário do Tejo nas últimas décadas, nomeadamente a partir dos anos 70, que foi quando começámos a ter dados sobre o estuário. E era necessário estudar estas alterações para depois relacionarmos com as visitas destes golfinhos. Foi por aí que nós começámos. Começámos a desenvolver um relatório, que esperemos que seja lançado depois do verão, e que tenta contar esta história, tenta fazer essa relação e perceber as condições ambientais do estuário e o que é que tem implicado, ou não, para estas espécies".

O projeto é feito na base do voluntariado, com estudantes e elementos já com alguma base cientifica a nível de biologia, que vão observando o rio com binóculos e telescópios, à procura de golfinhos. E apesar de ser possível avistar várias espécies de cetáceos, do alto do sétimo andar da torre VTS, o objetivo está centrado nos mamíferos que dão o nome ao projeto. "Nós sabemos que o estuário é visitado por muitas espécies diferentes. No entanto, aqui, na torre VTS, o que temos avistado são golfinhos comuns. Não é a mesma espécie que vive no estuário do Sado. Os nossos visitantes aqui no Tejo são outros. São golfinhos comuns, que normalmente vêm em pequenos grupos e normalmente trazem crias" destaca a coordenadora do Programa de Oceanos e Pescas da Associação Natureza Portugal.

Mas além das observações, os cientistas querem também perceber o que dizem os golfinhos. Rita Sá salienta que estão "a tentar, não só ver o que se passa acima de água, mas também debaixo de água, com o som, qual é a paisagem acústica que se passa no estuário".

Para já, o observatório ainda não quer adiantar conclusões sobre o relatório preliminar que vai ser apresentado depois do verão, e que vai conter informações que poderão ser utilizadas para o desenvolvimento de trabalhos científicos e teses académicas, além de poder ser consultada pelo público em geral, para saber mais sobre os golfinhos que visitam o rio Tejo, sendo que as observações vão decorrer até ao final do ano. Fica apenas uma certeza, e que fará parte do documento: desde os anos 70 que há uma melhoria das condições do estuário do Tejo. Ainda assim, fica a ressalva: o ponto de partida foi praticamente do zero, depois de industrias altamente poluentes quase terem destruído por completo a vida do rio.

E, por estes dias, os olhos do mundo estão colocados em Lisboa, com a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas que está a decorrer na capital portuguesa, e onde a conservação dos mares está no centro do debate. No entanto, destaca Rita Sá, "se calhar, quando estamos a proteger os oceanos, não estamos propriamente a salvar os oceanos, estamos a salvar-nos a nós. Os golfinhos são espécies icónicas, ajudam-nos a chegar às pessoas para as pessoas se preocuparem, apropriarem-se do oceano e querem-no proteger. Mas também são predadores de topo que são muito importantes para conseguirmos manter o equilíbrio do oceano".

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