- Comentar
Em todo o país há 20 estações que fazem a anilhagem científica das aves. Tentam perceber que espécies existem e quais os seus índices de sobrevivência. O ICNF tem todos os dados.
António Marques pega num pequeno pássaro. "É um chapim", esclarece. A ave faz muito barulho. "É natural, é como eles reagem, ainda por cima é um jovem", desvaloriza. António faz a anilhagem científica dos pássaros na zona da paisagem protegida da Fonte da Benémola, em Querença. Está certificado pelo Instituto de Conservação da Natureza e florestas (ICNF). Ele e dois amigos chegam ao local por volta das 4 da manhã, ainda de noite. Tem que ser a esta hora, para colocarem à vontade as finas redes onde apanham os pássaros. De madrugada a passarada começa toda a voar.
São redes próprias, com um bolso onde caem as aves sem se magoarem. À volta, naquele local, só há arvoredo e o único som audível é o cantar das cigarras e dos pássaros.
Ouça a reportagem TSF
António dedica-se à anilhagem de pássaros há cerca de 20 anos. "Estudamos os pássaros desde que nascem, onde passam o inverno, é identificada a espécie, o sexo. É muita coisa", conclui.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Estes dados sobre a passarada existente são enviados posteriormente para o Instituto de Conservação da Natureza.
Quando os apanha, António coloca-lhes a anilha, mede, pesa e a seguir liberta-os. E é frequente capturar pássaros que ano após ano regressam.

Leia também:
Há espécies de aves comuns que têm vindo a desaparecer em Portugal
""É habitual apanharmos pássaros que foram anilhados há 6, 7 anos. Inclusive apanhamos um melro que foi anilhado há 10 anos!", conta. A isso António Marques chama os"índices de sobrevivência". Os pássaros gostam de voltar aos locais onde são felizes. " Há pássaros que voltam sempre ao mesmo sítio, nem 100 metros para a frente, nem para trás", Para que isso aconteça é preciso que os habitats sejam preservados.
Depois de capturadas, as aves são colocadas cada uma num saco de pano, até serem anilhadas e libertadas." Temos os pica-paus, os chapins, o rabilongo, o azul, o real, a flosinha...", vai enumerando cada um dos pássaros.
Neste dia, os alunos de uma escola básica de Alte, no concelho de Loulé, foram ver este projeto. António Marques explica-lhes o que faz e mostra-lhes cada pássaro.
Dá-hes a conhecer alguns segredos, como a esperteza do guarda-rios que não se mexe e se faz de morto quando se sente em perigo. Um segredo que entusiasma as crianças. Dá para as mãos de cada miúdo uma ave para que ela tenha o gosto de a libertar." Um, dois, três", contam as crianças. " Eu adorei libertar o passarinho", diz entusiasmada a Bianca