Em contagem decrescente para o início de laboração ainda este ano da primeira fábrica de vacinas, o município de Paredes de Coura está transformado num "estaleiro a céu aberto", com obras a decorrer um pouco por todo o lado.
Para abastecer a nova unidade fabril do grupo galego Zendal, na zona industrial de Formariz, estão a ser instaladas perto de três dezenas de quilómetros de condutas de água e gás natural, num investimento de mais de quatro milhões de euros. As empresas Águas do Norte e Portgás estão com trabalhos no terreno até ao verão e, além disso, continua a rasgar a paisagem também a obra da nova ligação do município à A3, autoestrada Porto-Valença, que a Infraestruturas de Portugal (IP) prevê concluir até ao fim do ano.
"As pessoas dizem que Paredes de Coura é um estaleiro a céu aberto, mas é um estaleiro bom porque é um transtorno que está a criar emprego, desenvolvimento e a assegurar a vitalidade industrial e económica do concelho", afirma o autarca local, Vítor Paulo Pereira, que, apesar de oficialmente o grupo Zendal com sede em Porriño, na Galiza, indicar que a fábrica de vacinas estará pronta no final do ano, acredita que a produção em Paredes de Coura pode começar mais cedo. "Neste momento a fábrica está em testes e podemos chegar ao final do ano e estar a produzir, mas também não seria surpreendente que em julho ou agosto os primeiros lotes de vacinas possam sair de Formariz", refere.
A reboque do projeto industrial da Zendal, que representa um investimento de 22 milhões de euros, o gás natural chega agora a Paredes de Coura pela primeira vez.
"Dava-se uma situação paradigmática: dos 29 concelhos que temos atribuídos ao nível do regime de concessão, 28 já estavam abastecimentos. O único que ainda não estava era Paredes de Coura", adianta à TSF o administrador da Portgás, Nuno Mendes, indicando que a chegada do projeto industrial da Zendal de produção de vacinas veterinárias e humanas naquele município veio garantir a "razoabilidade económico-financeira" necessária para, finalmente, a empresa avançar com investimentos.
"Só para aquele caso, estamos a falar de cerca de um milhão de euros, para uma extensão de rede de seis quilómetros, para fazer chegar a rede de transporte até àquela unidade fabril. E estamos a falar de seis milhões metros cúbicos em velocidade de cruzeiro, apenas para aquela industria", resume Nuno Mendes, acrescentando que "dado o interesse do projeto, foi instalada uma unidade autónoma, que já está a funcionar para fazer o abastecimento provisório da fábrica". "Prevemos ter concluída, se as cadeias de abastecimento nos ajudarem, a obra de construção da rede infraestruturante [na zona industrial de Formariz] até ao terceiro trimestre de 2022", disse, adiantando que, numa segunda fase, a Portgás prevê ainda investir "mais três milhões de euros" para construir 10 quilómetros de rede de forma a garantir a chegada do gás natural à sede do município. "Até 2025, tentaremos captar cerca de mil clientes do mercado doméstico e terciário e até 2030, temos uma projeção de mais cerca de seis mil clientes potenciais, dentro da malha urbana", declarou.
Além do gás natural, o consumo de água da fábrica da Zendal, que poderá atingir em média "180 metros cúbicos por dia", também implicou a execução de novas infraestruturas.
"Tivemos necessidade de aumentar a nossa capacidade de abastecimento ao parque industrial de Formariz. Numa primeira fase, o investimento que temos em curso representou 3,3 milhões de euros, consubstanciado no reforço da capacidade da captação de água e numa extensão de condutas de cerca de 20 quilómetros, principalmente por causa deste novo projeto de produção de vacinas", contou à TSF a administradora da empresa Cristiana Barbosa, indicando que a obra "também vai maior fiabilidade no abastecimento aos reservatórios que servem o município". "Na prática, este reforço vai-nos permitir aumentar a capacidade de adução aos reservatórios de Moselos, Formariz, Ferreira, Linhares e Coussourado. Já tínhamos previsto o reforço a alguns destes reservatórios, mas tendo em conta a nova exigência [instalação da fábrica de vacinas] tivemos de refazer o nosso projeto e antecipar esse investimento que em termos de calendário estava marcado mais para a frente", sublinhou.
Segundo o autarca Vítor Paulo Pereira, a unidade fabril está instalada num lote com 50 mil metros quadrados na zona industrial de Formariz, onde poderão nascer outros investimentos do grupo galego. "Há espaço para expandir. Estão previstas outras unidades, ligadas também à produção de vacinas, e também a construção de um laboratório de controlo de qualidade e de um armazém", comentou, concluindo que "já há contactos para implantação de novos investimentos, que brevemente poderão ser anunciados, mas o facto de se estarem a preparar novos terrenos, mostra que há alguma coisa no segredo dos deuses".