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Félix Rodrigues, especialista em física e química da atmosfera e doutorado em poluição atmosférica, classifica a informação divulgada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) como, no mínimo, precipitada. Para este professor da Universidade dos Açores, não há dúvidas de que a neblina que se verifica nas ilhas do grupo central e oriental é motivada por poeiras do deserto do Saara e confessa que ficou surpreendido com a comunicação do IPMA.
"Estou surpreso com a posição do IPMA, a dizer que está relacionado com as emissões de La Palma. Efetivamente, não é fácil argumentar-se isso por várias razões, uma delas é o facto de os sulfatos serem transformações de gás partícula na atmosfera e, portanto, não há nenhum modelo meteorológico capaz de prever uma reação química desta natureza. Além disso, a composição química das poeiras do Saara, quando cruzam o Atlântico, tem na sua composição sulfatos - o que significa que dizer-se que são sulfatos originários do vulcão de La Palma parece-me ser, no mínimo, precipitado", explicou à TSF Félix Rodrigues.
Além disso, o especialista assegura que as imagens de satélite mostram muito bem qual é o percurso das poeiras no deserto: não passam pelas Canárias, mas chegam aos Açores. Quanto à recomendação dada pelas autoridades de saúde locais para que as pessoas usem máscara na rua, Félix Rodrigues não podia estar mais de acordo. Até porque a concentração de poeiras que existe exige cuidados.
Ouça Félix Rodrigues a explicar à TSF o percurso das poeiras
"As poeiras são mais perigosas do que os sulfatos se tivesse havido uma transformação gás partícula porque os sulfatos são solúveis e, como tal, dissolvem-se no muco pulmonar, enquanto as poeiras são insolúveis, e, portanto, já não têm essa capacidade de dissolução. O que significa que é importante que as pessoas se protejam porque as concentrações estão a ser elevadas e essa situação deve ser devidamente informada. Por precaução, as pessoas devem usar máscara", acrescentou o especialista em física e química da atmosfera.
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