Plano rotativo de encerramento de maternidades é bom "como solução temporária"

Diogo Ayres de Campos considera que a longo prazo a medida não é "uma solução civilizada para um país europeu".

O coordenador da Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Bloco de Partos, Diogo Ayres de Campos, considera que o plano delineado pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) de encerramento rotativo das maternidades é uma boa medida se for "temporária".

"Como solução temporária pode ser uma boa coisa para este período mais complicado, em que há pessoas que estão de férias, mas não acho que seja uma solução civilizada para um país europeu", disse Diogo Ayres de Campos no Parlamento.

O coordenador esclarece que a iniciativa "não é da comissão", mas da Direção Executiva do SNS que, posteriormente, pediu a opinião à comissão.

Para Diogo Ayres de Campos, esta medida resulta em que "as grávidas que são seguidas no hospital depois não saibam se vão ter o parto naquele hospital" e, assim, vão procurar esses cuidados de saúde no privado ou em outros hospitais.

"Na qualidade de diretor do departamento de obstetrícia e ginecologia do hospital de Santa Maria, nós sabemos isso. Tivemos um aumento de cerca de 250 partos no hospital de Santa Maria este ano e foi por causa dos encerramentos à nossa volta", explica.

O coordenador da Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Bloco de Partos antecipa que a medida também leve a mais transferências de grávidas.

"Proporciona que haja, nas horas que antecedem esse encerramento, a transferência de grávidas em trabalho de parto. Além disso, se eu sei que vou encerrar às 21h00 de hoje, vou acabar por fazer mais intervencionismo, vou fazer uma cesariana ou vou fazer um parto instrumental. Há falta de melhor alternativa, pode ser uma hipótese, mas sustentável não é", considera Diogo Ayres de Campos.

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, admitiu que este plano de encerramento alternado de maternidades possa funcionar, pelo menos, até ao verão.

Pelo seu lado, o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, disse à Lusa que o plano para os primeiros três meses do ano vai ser anunciado até 15 de janeiro.

"No primeiro trimestre vamos manter um esquema semelhante ao que aconteceu no Natal e no Fim de Ano. Queremos já tentar fechar as datas todas (...) Temos a reunião [de balanço do Natal e de Ano Novo] no dia 10. Espero que até dia 15, ou por aí algures, [o plano seja apresentado]. O plano está delineado. Falta só perceber se há alguma alteração a fazer", disse Fernando Araújo.

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