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O céu azul e o sol quente permitem brincadeiras e aulas ao ar livre. Um dia normal, numa realidade em mudança.
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Por trás do portão da escola Dr. Costa Matos, em Gaia, há cada vez mais histórias de famílias necessitadas por causa do constante aumento de preços, como conta a psicóloga Mónica Costa: "Do final do ano passado, até agora, temos tido situações mais complicadas e de pessoas da classe média."
Os pedidos de ajuda alastram a novas camadas da sociedade. Ilda Silva, educadora social, nota que à pobreza junta-se a vergonha: "Quando recorrem a nós é sempre com algum secretismo. As pessoas têm vergonha porque nunca passaram por isto."
Ouça a reportagem.
Em algumas famílias, os cortes nas despesas diárias vão mais longe: "Temos casos em que começaram a vender os carros, a mudar de casa e notamos que, às vezes, falta material escolar."
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Mónica e Ilda sublinham que a pobreza está a alastrar a agregados que não são ricos, nem são pobres aos olhos do Estado. Vivem no limbo. "Não têm Rendimento Social de Inserção, não têm qualquer subsídio que possa ser um fundo de maneio."
Filinto Lima é diretor do agrupamento Dr. Costa Matos, em Gaia, com mais de dois mil e duzentos alunos, e não tem dúvidas de que o Governo, nos próximos meses, vai ter de ajudar as escolas, para estas ajudarem os alunos.
"Temos que ter quem nos ajude... O governo, o ministério da Educação, com um reforço dos nossos orçamentos", explica.
A fome é a principal preocupação nesta escola, onde nenhum pedido fica por atender, porque a alimentação também faz parte da base da aprendizagem dos alunos. Filinto Lima não tem dúvidas, "com barriga vazia não se aprende".