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Este domingo, 26 de maio, Portugal atinge o limite do que a associação ambientalista Zero designa de "cartão de crédito ambiental".
Na prática, significa que o país esgota neste dia os recursos naturais renováveis de 2019, ou seja, vai começar a usar meios que só deveria utilizar a partir de 1 de janeiro de 2020.
A Zero alerta que a dívida ambiental portuguesa tem vindo a aumentar e este ano o país atinge o limite 21 dias mais cedo (o ano passado aconteceu a 16 de junho). Francisco Ferreira diz que é urgente inverter esta tendência.
"Se cada pessoa no planeta vivesse como um português, em média, a humanidade exigiria mais de dois planetas para sustentar a sua necessidade de recursos. Se todos os países do mundo consumissem como Portugal, este cartão de crédito ambiental teria que ser agora acionado", refere o ambientalista.
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O consumo de alimentos (32% da pegada global do país) e a mobilidade (18%) encontram-se entre as atividades humanas diárias que mais contribuem para a pegada ecológica portuguesa e são "pontos críticos para intervenções de mitigação da pegada", segundo a Zero.
Francisco Ferreira defende que é urgente inverter esta tendência de acumulação de "dívida ambiental" e, para tal, é preciso mudar hábitos como consumir menos proteína animal, usar mais transportes públicos e reciclar.
Apesar do cenário, o ambientalista mostra-se otimista quanto às novas gerações quando vê greve estudantis mundiais pelo clima como a que aconteceu na sexta-feira.
"Acho que há a esperança de realmente a geração de jovens estar a lutar por causas de forma muito mais vigorosa do que, se calhar, há uns anos. E isso está, de facto, a mobilizar todos e tem também de mobilizar políticos da escala nacional à escala mundial", sublinha.
Este ano, a União Europeia atingiu o "overshoot day" a 10 de maio . A nível mundial, no ano passado, o "overshoot day" ocorreu a 1 de agosto.
O último ano em que o planeta conseguiu viver com o seu "orçamento natural" anual foi em 1970.