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Depois da polémica, os primeiros postos móveis da Polícia de Segurança Pública (PSP) entram esta quinta-feira em funcionamento em Lisboa e no Porto a partir das 18h00. Esta é uma das medidas tomadas pelo Governo depois de mais uma morte na noite de Lisboa e do encerramento temporário de uma esquadra no Porto no último fim de semana.
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Em comunicado, a PSP explica que a medida se insere na sua estratégia de Policiamento de Proximidade, que pretende "promover a segurança, paz e tranquilidade públicas e prevenção da criminalidade especificamente nas zonas de diversão noturna".
Em declarações à TSF, Hugo Costeira, vice-presidente do Observatório de Segurança Interna, defende que a abertura de esquadras móveis não vai resolver qualquer problema.
"Não podemos estar a criar outros mecanismos que consomem ainda mais polícia parada, a não ser que esta medida seja implementada com prejuízo claro para o descanso dos polícias", refere Hugo Costeira, acrescentando que considera a "medida irreal" e que não consegue "prever a sua aplicabilidade".
Ouça aqui a posição de Hugo Costeira, vice-presidente do Observatório da Segurança Interna, sobre os postos móveis da PSP
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A unidade de combate a incêndios que a GNR criou é um dos vários exemplos que, para este responsável, "consome recursos de uma forma drástica aos postos territoriais e que, portanto, são grandes erros que se fazem". "É perfeitamente disparatado", atirou.
A PSP e a GNR têm uma série de serviços estruturados e de competências "que não deveriam ter"
Hugo Costeira garante também à TSF que o problema não é falta de polícias em Portugal, já que a PSP e a GNR "têm serviços estruturados e competências adquiridas que não deviam ter" e que o país enfrenta um problema de gestão do efetivo existente. Além disso, acrescenta, as carreiras "não são minimamente atrativas". "Os polícias precisam de outros salários - não só aqueles que estão em funções mas também aqueles que um dia poderão vir a estar", defende o responsável.
Hugo Costeira defende que os polícias "precisam de outros salários"
Na segunda-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), pediu ao Governo postos de polícia móveis para zonas turísticas mais problemáticas da cidade, onde se têm registado problemas de violência.
"Peço ao Governo que tem de haver mais visibilidade da polícia nesta cidade. Ofereço aqui, desde já, ao Governo a capacidade de podermos ter postos móveis, ou seja, esquadras móveis, na cidade. As pessoas não estão a ver a polícia na rua e eu ofereço ao Governo a capacidade de o fazer", disse.
Por seu lado, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, considerou que as unidades móveis "são extremamente importantes, porque permitem uma flexibilização de recursos em função daquilo que é o epicentro na cidade" em cada momento.

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Sindicato diz que unidades móveis são estrutura falhada
Apesar da satisfação dos autarcas, o Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia considerou que as unidades móveis de atendimento da PSP são uma estrutura falhada, que "não acompanha as reais necessidades de segurança". Além disso, "consome recursos humanos de uma forma desmesurada e desnecessária".
"É uma estrutura que já não é funcional, doente e claramente consome recursos e não aproveita aquilo que é a capacidade de resposta da polícia e dos seus polícias", disse à agência Lusa o vice-presidente do sindicato que representa a maioria dos comandantes e dos diretores da PSP.
Bruno Pereira observou que este modelo não é novo e já tinha sido utilizado como experiência piloto que "a PSP abandonou por considerar que era uma opção que não ia ao encontro das melhores opções de metodologia de policiamento".
Esclareceu também que as unidades móveis geralmente são utilizadas quando existem eventos com uma grande concentração de pessoas e há necessidade de sinalizar uma estrutura policial para prestar apoio às pessoas em caso de necessidade.
"Deslocar uma unidade móvel tendo por base a visibilidade é exatamente a mesma coisa que ter uma esquadra, a única diferença é que a conseguimos movimentar, mas não é a estrutura que projeta segurança, são os polícias e as equipas que a integram", disse.
De acordo com o sindicato, estas unidades móveis "vão obrigar a alocar mais agentes", sendo a única novidade a modalidade de atendimento, o que é "redundante porque as esquadras já são mais do que suficientes".
Bruno Pereira sustentou que aquilo que é necessário é "mais polícias para assegurar o policiamento de forma preventiva e ter uma capacidade ampliada de resposta repressiva".