Promessa de realojamento total no Bairro da Jamaica ainda este ano

Primeiro-ministro viu uma das torres de habitação precária do Bairro da Jamaica a ser demolida e recebeu a promessa da autarquia de que todas as famílias terão habitação condigna até ao final do ano. Em modo publicitário do PRR, Costa tirou a manhã para ouvir queixas, promessas e apupos.

Adelaide Costa, são-tomense de 62 anos, vive há 28 no Bairro da Jamaica, no Seixal. Numa manhã fria, fez questão de marcar presença e receber o primeiro-ministro com queixas.

Além de se queixar de ser mal tratada pela autarquia quando vai aos serviços camarários, Adelaide é bastante explícita ao descrever que está a "viver numa situação de esgoto" com o filho deficiente, com quem veio de São Tomé há muito tempo para um melhor cuidado médico.

Depois de ouvirem as queixas, António Costa e o autarca do Seixal, Paulo Silva, rematam que "já estamos quase em fevereiro, março e abril, está quase". Em abril, ouvimos, porque é nessa altura que o lote 11, onde Adelaide vive numa cave precária, vai abaixo.

Primeiras queixas ouvidas, o primeiro-ministro seguiu para o auditório da Câmara Municipal de Lisboa onde a alcatifa vermelha permitia um clima um pouco mais quente do que em frente às casas de algumas famílias, que de casa só têm mesmo o nome.

De resto, é o próprio António Costa quem recorda a realidade deste bairro que o atingiu diretamente no estômago há uns anos. "Em 2016, quando vi o filme São Jorge do Marco Martins recebi um verdadeiro soco no estômago. Era um filme que decorria precisamente em Vale de Chícharos, mais conhecido por Bairro Jamaica, e que mostrava uma realidade que eu não conhecia e que muitos de nós, por ventura, tínhamos imaginado que tivesse desaparecido com o programa de erradicação das barracas no início deste século", recordou o primeiro-ministro.

No entanto, apesar do passar dos anos e de o "filme" continuar atual para pessoas como Adelaide, há uma garantia deixada por Paulo Silva perante António Costa: as situações vão estar todas resolvidas ainda em 2023.

"Contabilizando a fase atual, já foram realojadas 138 famílias, englobando 396 pessoas. Até final do presente ano, pretendemos realojar as 96 famílias restantes e, consequentemente, demolir os edifícios degradados", garante o autarca, depois de recordar a história e os percalços na justiça do apelidado Bairro da Jamaica.

Para este esforço de dar uma habitação digna a tanta gente vão contribuir fundos do PRR para a habitação e, no caso, foi precisamente por isso que o primeiro-ministro passou a manhã no concelho do Seixal. Mas não só: lembra António Costa, que com a criação da nova NUT II da Península de Setúbal, toda esta região vai beneficiar de maiores possibilidades de desenvolvimento no próximo quadro comunitário.

Recordando que Setúbal estava fora dos fundos de coesão por estar anexada a Lisboa, o primeiro-ministro destaca que "a Península de Setúbal passou a ser NUT II", mas "claro que isso já não vai ter efeitos para o quadro comunitário de apoio que vai entrar agora em aplicação - o PT2030".

Mas o tom é otimista: "Sejamos claros, 2027 é já depois de amanhã. No próximo quadro comunitário de apoio, a Península de Setúbal já terá uma NUT própria, já não será penalizada pela associação com a NUT da Grande Lisboa e terá uma nova oportunidade de planear o seu desenvolvimento."

Porque se "depois de amanhã" vem um novo quadro, "amanhã" ainda vêm eleições, mas o trabalho deve ficar "independentemente de quem seja governo em 2027, independentemente de quem seja autarca em 2027". "É nosso dever hoje preparar o terreno para essa semeadura cuja oportunidade agora se abre", conclui o primeiro-ministro, aplaudindo o esforço deste concelho no dossiê da habitação e sublinhando que, também do PRR, este município vai contar com financiamento para um novo hospital.

Findo o discurso numa nota positiva, António Costa seguiu sem parar ao lado de algumas dezenas de professores que fizeram questão de mostrar, de forma audível e com apupos à mistura, que há um outro problema para o governo lidar: "respeito", gritaram estes professores da zona, à saída de António Costa, que nem olhou para trás.

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