Quase metade dos estudantes universitários tem nível inadequado de literacia em saúde

São os alunos com menos rendimentos e cujos pais têm escolaridade mais baixa quem apresenta maiores dificuldades nesta área.

São 44% os estudantes universitários em Portugal com um nível inadequado ou problemático de literacia em saúde. A conclusão é de um estudo levado a cabo pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP-NOVA).

São os estudantes com menores rendimentos e com pais com escolaridade mais baixa quem mostra maiores problemas ao nível da literacia em saúde, independentemente do género e da idade.

O estudo denominado "Literacia em Saúde no Ensino Superior: Desafios em Portugal", que contou com o apoio da empresa farmacêutica Lilly Portugal, nota que também o distrito onde os alunos completaram o ensino secundário contribui para a falta de literacia nesta área, com as regiões da Madeira, dos Açores e do interior do Centro a revelar níveis mais deficitários.

Os alunos de cursos de maior grau (pós-graduação, mestrado e doutoramento) revelam ainda nível de literacia maior do que o dos alunos de licenciatura e são os estudantes decursos não relacionados com Saúde quem apresenta níveis de literacia mais preocupantes, que se mantêm ao longo da formação.

A literacia em saúde é definida como a "capacidade para obter, processar e interpretar informação básica em saúde e serviços de saúde, para poder tomar decisões autónomas e inteligentes".

"Numa sociedade em que a disponibilização de informação de saúde é uma constante, e na qual se pretende que as pessoas, cada vez mais, tenham um papel ativo na promoção e gestão da sua saúde, que tomem decisões, importa aferir se efetivamente estão preparadas para o fazer. Especialmente estes jovens adultos, com um papel social determinante", defende Ana Rita Pedro, investigadora da ENSP-NOVA e coordenadora do estudo em causa.

Numa nota de apresentação das conclusões da investigação, Ana Rita Pedro sublinha como "o contexto socioeconómico é um determinante fundamental da literacia em saúde na população universitária", o que está em linha com a restante realidade europeia. "Mesmo num contexto diferenciado, como o do ensino superior, a situação socioeconómica e o meio familiar dos estudantes faz a diferença", frisa.

O estudo deixa recomendações de estratégias de atuação para promover a literacia em saúde no ensino superior em Portugal, "com base nos contributos de um painel de 28 peritos de diversas áreas e instituições a nível nacional".

Os resultados completos são apresentados esta quarta-feira, a partir das 17h00, na Câmara do Comércio e Indústria, em Lisboa. A sessão pode ser acompanhada remotamente aqui.

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