"Os professores não vão parar de lutar. Habituem-se!" Serviços mínimos são "atentado contra todos"

Milhares de professores e pessoal não docente voltam às ruas em defesa de melhores condições de trabalho e salariais e contra os serviços mínimos nas escolas.

Do Ministério da Educação, na Avenida 24 de Julho, até à Presidência da República, em Belém, professores e pessoal não docente voltam, este sábado, a marchar por melhores condições de trabalho e salariais e contra os serviços mínimos nas escolas. É a segunda marcha em defesa da escola pública convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), no espaço de duas semanas.

Por volta das 14h00, já se encontravam à porta do Ministério da Educação milhares de professores e pessoal não docente, e já se faziam ouvir com pandeiretas, tambores, buzinas e cartazes com palavras de contestação.

Vasco, um professor que veio de Silves, no Algarve, veste uma camisola com o logótipo do super-homem. "A ideia surgiu no seguimento da nossa profissão, somos super-homens e super-mulheres todos os dias nas escolas. Só mesmo sermos super é que nos faz ficar nesta profissão", afirma, em declarações à TSF.

Sobre os serviços mínimos fixados pelo Tribunal Arbitral, Vasco considera que é "regredir quase até ao 25 de Abril". "É tirar-nos todos os direitos. Queremos andar para a frente e uma escola pública digna de todos nós. Somos um povo de conquistas e não de derrotas. Isto dos serviços mínimos é um atentado, é contra tudo e todos", diz, acreditando na intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa nas negociações: "O professor Marcelo, sendo professor, sabe muito bem a dor que sentimos todos os dias."

Pedro Moura, professor em Vila Nova de Gaia, faz parte de um grupo que enverga um cartaz que mostra a seguinte mensagem: "O eixo do mal: a quadratura da destruição." Mas, neste cartaz, há uma particularidade: as imagens de Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da Educação do governo de Sócrates; Tiago Brandão Rodrigues, anterior ministro de Educação do governo de Costa; Nuno Crato e João Costa, atual ministro da Educação, todos com o nariz pintado de vermelho, como se tivessem muito frio.

À TSF, Pedro Moura, sublinha que ainda faltam descongelar seis anos. "Seis anos de gelo ainda é muito frio."

"Nenhum ministro conseguiu dar resposta [às reivindicações], precisamos que alguém faça a mudança", refere, acrescentando que está "a lutar para que os alunos continuem a ter professores".

Um agrupamento de escolas de Oliveira de Azeméis, em Aveiro, transporta um cartaz em que se lê: "Os professores não vão parar de lutar. Habituem-se!"

Júlia, professora desse agrupamento, refere que a mensagem é "para António Costa, para João Costa e para todos os governantes", porque "a luta dos professores não vai parar". A professora também participou na manifestação de 2008 e volta a usar a mesma camisola, na qual se inscreve: "Deixem-nos ser professores."

"As escolas cada vez mais são depósitos de crianças. Deixem a escola pública ser a que nós queremos. Nós, os professores, os pais e os alunos", disse à TSF.

Esta é a terceira marcha promovida pelo STOP desde dezembro, que tem exigido medidas como um aumento salarial de 120 euros para todos os profissionais da educação, ou seja, professores e pessoal não docente.

O STOP é também contra a proposta do novo modelo de recrutamento e colocação de professores que está a ser negociado com a tutela e exige a recuperação dos mais de seis anos de contagem de tempo de trabalho que esteve congelado durante a Troika, reivindicações que são partilhadas pelos outros sindicatos do setor.

O fim das quotas e vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões é outra das exigências dos professores, à qual se juntam os pedidos de aumentos salariais e melhores condições de trabalho para o pessoal não docente.

Hoje, os manifestantes vão também protestar contra a definição anunciada na sexta-feira de serviços mínimos nas escolas que visam garantir, por exemplo, refeições aos alunos ou a permanência das crianças com necessidades especiais educativas.

O Tribunal Arbitral decidiu fixar serviços mínimos, a pedido do Governo, para a greve por tempo indeterminado de professores e não docentes, que se prolonga desde dezembro. Em comunicado, o Ministério da Educação justifica o pedido de definição de serviços mínimos com a "duração e imprevisibilidade das greves decretadas pelo STOP e consequências acumuladas para os alunos, no que concerne a sua proteção, alimentação e apoio em contextos de vulnerabilidade".

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