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O antigo presidente do Observatório da Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), José Manuel Anes, defende que a detenção em Portugal de dois iraquianos com ligação ao Estado Islâmico é mais uma prova de que a organização não acabou e de que há uma "ultraminoria" de refugiados que deve ser vigiada.
Os dois homens chegaram a Portugal há quatro anos ao abrigo de um pedido de asilo, depois de terem estado num campo de refugiados na Grécia, escreve o JN. São suspeitos de adesão e apoio a organização terrorista internacional, de terrorismo internacional, e contra a humanidade e foram detidos na região de Lisboa pela Unidade Nacional Contraterrorismo da Polícia Judiciária (PJ), após uma investigação conjunta com o Ministério Público que contou com a colaboração do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

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Em declarações à TSF, José Manuel Anes sublinha que "quando o Estado Islâmico foi derrotado por uma coligação de bombardeamentos aéreos, toda a gente ficou muito satisfeita" com o aparente fim da organização.
"A verdade é que não se acabou", alerta o especialista, que cita a permanência do Daesh em territórios de África, Médio Oriente e Ásia Central e as ligações que mantém à Europa, por onde tem vários elementos espalhados.
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Estado Islâmico? "A verdade é que não se acabou"
Embora os dois iraquianos representem, defende o antigo responsável pelo OSCOT, uma "ultraminoria de entre os que vêm para o país como refugiados", é necessário "muito cuidado" com eles", o que aumenta a necessidade de se verificar a origem de quem chega a território nacional.
"Basta um ou dois elementos para provocarem um conjunto de atentados seriíssimos na Europa", alerta José Manuel Anes, que realça que os incidentes mais recentes têm sido realizados com armas brancas e "anteriormente era com viaturas lançadas sobre os europeus".
José Manuel Anes defende a necessidade de observar as "ultraminorias" que chegam a Portugal como refugiados.
"Pode haver uma altura em que voltem os explosivos", acrescenta também, antes de apelar à confiança "nas polícias contra o terrorismo e nos Serviços de Informação" portugueses.
Segundo aPJ, as provas recolhidas indiciam que os dois detidos "assumiram distintas posições na estrutura do ISIS / Daesh, sendo os mesmos objeto de investigação por parte das competentes autoridades judiciárias iraquianas", mas não há sinais de que os crimes desta natureza tenham acontecido em território nacional.
Os dois homens, que viviam na mesma habitação, estão detidos no estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária e vão ser interrogados hoje à tarde no Tribunal de Instrução Criminal.

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